Ho! Ho! Huang!

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- Passaporte? Documento? Carteira de motorista? Visto?

- Tá tudo aqui, já conferimos três vezes. - Renjun revia os papéis em cima da mesa antes de guardar na mochila e colocá-la nas costas. O Lee assentiu com a cabeça e contou as malas, conferindo. - Nós vamos para a minha casa, tem coisa minha lá, não se preocupa com as roupas.

- Tem certeza? Se tiver esquecendo qualquer coisa importante não tem volta. - Avisou e o chinês pareceu travar um segundo, recebendo uma risada do namorado em resposta.

- Não me deixa louco, não tô esquecendo nada!

Finalmente deixaram o apartamento com as malas e entraram no táxi, seguindo para o aeroporto, que provavelmente estaria lotado, mas não importava. Estavam mesmo indo passar o natal na casa dos pais do Huang pela primeira vez em seus seis anos juntos.

No primeiro que passaram como um casal, Renjun não estava falando com eles, então passaram com os amigos; o segundo foi com os pais de Jeno e no terceiro passaram apenas os dois, em casa. Nessa época, Renjun fez as pazes com os pais, mas além de alguns dias de férias, não tinham ido para comemorar algum feriado importante juntos ainda, era sempre os pais do Lee que os recebiam e agora estavam indo reunir a família inteira do chinês e finalmente seriam visto como o casal que eram por todos. Era de se esperar que ambos estivessem nervosos.

Apesar de brincarem e fazer piadas com a situação - por exemplo como seria engraçado se Jeno entrasse tropeçando ou quebrando algo por estar nervoso e dar um péssima primeira impressão para os parentes distantes que não conhecia ainda -, os dois rapazes pensavam nas possíveis catástrofes que poderiam ocorrer realmente e como agiriam se houvesse alguma discussão ou coisas do tipo. Renjun não deixou o Lee ver, mas tinha o número de um hotel próximo da casa caso alguma coisa acontecesse.

O caminho até o aeroporto foi rápido e lá apenas tomaram um café - Jeno tomou um cappuccino, desde que odeia café puro - e sentaram nas cadeiras para esperar o vôo. A perna esquerda de Jeno tremia inconscientemente em nervosismo e ansiedade, por conta do vôo e da situação, e o chinês percebeu.
Num ato singelo, Renjun segurou a mão do Lee apoiada levemente em sua coxa e fez um carinho, como se dissesse que estava tudo bem e recebeu um sorriso bonito dele.

Em menos de vinte minutos, estavam decolando. Renjun não tinha medo de altura, nem claustrofobia, mas aquele vôo fora deveras turbulento para si. Jeno simplesmente apagou na primeira meia-hora de viagem por ter acordado muito cedo, segurando a mão do Huang.

Enquanto assistia algum desenho bobo para se distrair, acabou se distraindo do próprio desenho e olhou para o lado, percebendo que uma garota de no máximo nove anos lhe olhava. Sorriu simpático para a menina e recebeu outro de volta, mas ela não desviava. A mãe ou a moça responsável dormia ao lado da criança. Renjun ergueu as sobrancelhas, como se perguntasse o que ela queria, mas de repente ela pareceu tímida, olhando para o chão.

- Ei, mocinha, tudo bem? - Perguntou, tentando soar o mais gentil que conseguia, não se dava bem com crianças, mas ela sorriu envergonhada, como se quisesse dizer alguma coisa. - O que foi?

- Ele é seu marido? - Apontou para o moreno dormindo na janela e Renjun quase perdeu a fala. Ela o encarava curiosa e não sabia ao certo a resposta que a mesma esperava.

- Não, é meu namorado. - Sorriu fraco e viu um sorriso fofo nascer nos lábios da menina. Seu coração aqueceu ao receber tal resposta. - Por quê?

- É q-que eu tenho duas mamães e pensei que vocês fossem dois papais também. - Ela explicou num sussurro enquanto brincava com a barra da blusa que usava, desviando o olhar enquanto era possível ver as duas bochechas adquirindo um tom rosado e Renjun achou que morreria de amores ali mesmo.

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