12| I Will Take From Her What I Want To Take... ⚠️

14.4K 1.6K 561
                                        

Heathan

Sempre reconheci a mentira.
Ela tem cheiro, tem cor. É quase uma música dissonante que apenas alguns são capazes de ouvir. E eu ouço. É Talvez porque passei a vida toda dançando no compasso dela.

Pessoas como eu — monstros, como gostam de chamar — têm o dom de despir a verdade dos outros. Um olhar. Um gesto. Um sorriso falso. A confiança não passa de uma maquiagem mal passada no rosto da humanidade.

E ela...
A minha doce e estupida Elizabeth...
Ela mentiu para mim.

A mais bela entre as presas. Comseus olhos absurdamente límpidos e aquele sorriso que parece ter sido roubado de alguma pintura celestial...
Me fez acreditar.
Me iludiu como os outros.
Me fez pensar que quando eu acordasse, ela estaria aqui, segurando minha mão, deitada ao meu lado, deleitando-me com o som da sua respiração.

Mas agora, enquanto eu apodreço nesse quarto, ela canta para outro, ri para outro.
Sorri como se o mundo não estivesse apodrecendo sob seus pés frágeis.

Pelos vidros sujos da janela, eu a observo, no jardim do pátio interno.
Sorrindo.
Sorrindo para aqueles vermes, tocando-os com as mãos que deveriam ser minhas.
Oferecendo a eles a mesma doçura que havia jurado a mim.

O que era para ser meu... escorria pelos dedos dela como água suja.

Cada riso que ecoava até mim era como um prego cravado na minha cabeça.
Cada toque, uma facada nas entranhas.

Minha doce enfermeira... minha pequena mentirosa.

Ela não entende, não é?
Não compreende que, ao me dar uma fagulha de esperança e arrancá-la em seguida, condenou a si mesma.
O ódio que cresce dentro de mim não é quente. Não é impulsivo.
É frio. Calculado.
É uma promessa feita entre cada batida do meu coração.

"Quando eu a tiver em minhas mãos... vai implorar para nunca ter me enganado."

Meu olhar a persegue pelo corredor. Seu corpo magro, sua boca rosada, os fios de cabelo que bailam no ar como fogo.
Tão frágil.
Tão fácil de quebrar.

Eu poderia esmagar sua traqueia entre meus dedos antes que ela piscasse.
Poderia moldar seus gritos na palma das minhas mãos.

E o mais doente de tudo? Não é isso que eu quero.

Eu quero... marcar.
Deixar a alma dela suja, como a minha.

Quero que ela nunca mais consiga rir para ninguém sem lembrar que foi minha boca que tirou dela a pureza.

Quero que cada sorriso dela trema de medo.
E que todo olhar doce que ela der a outro homem morra sufocado pela lembrança do meu toque.

Meu doce anjo.
Minha pequena mentira ambulante.
Você ainda vai pagar.

[...]

As horas passam como navalhas arrastadas pela pele.
Eu não durmo.
Eu não descanso.
Eu apenas existo — uma presença insuportável presa num quarto podre, alimentando minha fome por ela.

Ela disse que ficaria comigo.
Ela prometeu.
E mesmo assim, me deixou.
Me trocou por conversas vazias... por tudo aquilo que eu não sou.

Burra.
Tola.

A tranca da porta estala e gira.
Meus olhos disparam.
Meu corpo, como de uma fera à espreita, enrijece.

As mechas ruivas entram primeiro, como uma bandeira de guerra.
Depois, o rosto dela — e aquele maldito sorriso.

— Você acordou! — ela diz, como se eu fosse algum paciente bobo que ela pudesse domesticar com palavras macias. — Fico feliz por vê-lo...

Ela tranca a porta atrás de si. Um som agradável.
Somos apenas nós dois agora. Como deve ser.

+18 | CASO N° 44 | Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora