Nossa vez

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Resumo: Observando o rosto de seu A-Cheng, Lan Huan pensou que era a vez deles. Era o momento deles. E assim ele faria acontecer sempre. Cuidaria desse homem a vida inteira se ele permitisse. E com a felicidade transbordando, Lan Huan lembrava mais uma vez do que ele lhe dissera, entre os lençóis, antes de precisar ser silenciado. Eles também mereciam a felicidade de um amor. De estarem juntos com o seu amor. De viverem o seu amor. 


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Era noite no Recesso das Nuvens. Estava muito silencioso, pois o toque de recolher já havia passado a algum tempo. Era uma premissa real e incontestável. Assim como o sol nascia no leste, Lans acordavam as cinco. E assim como o sol se punha no oeste, Lans dormiam às nove. Era um relógio biológico preciso e que carregava em si a identidade do clã tanto quanto a fita de controle na testa.

No entanto, as exceções durante as caças noturnas e situações excepcionais poderiam acontecer. Era também parte do senso de dever e justiça Lan. Então ninguém culparia Lan Huan por estar acordado tão tarde, longe do Hanshi.

Ele saíra de sua reclusão ha um tempo e desde então as coisas tem sido um pouco diferentes. Em um ano muitas coisas poderiam mudar. Mas ele não podia renegar sua responsabilidade, negar suas atribuições por mais tempo.

Ele acabara por se ligar novamente pelas relações estre as seitas com os outros líderes. Mas não esperava laços fortes como os que tinha antes. O relacionamento entre ele e seus irmãos jurados carregavam antes uma amizade e consideração construída ao longo de toda uma existência, mesmo depois da Campanha da Queda do Sol. Era algo esperado de sua posição e nada mais.

Olhar para Nie Huaisang ainda era doloroso, mas não poderia deixar de entender a motivação de um garoto fraco fisicamente, mas que se mostrara mais forte do que todos eles intelectual e mental também. O que ele não precisou superar para tomar atitudes de manipular pessoas a seu redor a fim de vingar seu irmão? Não. Ele não poderia e nem estava em posição de julgar, sabendo tudo o que Lan Wangji passara até encontrar novamente o senhor Wei.

Entender não tornava menos doloroso, por que simplesmente não houve confiança daquele que ele uma vez tomou e defendeu como irmão em um cuidado a memória do antigo líder do clã Nie. Então encarar Huaisang ainda era doloroso, mesmo que o tempo tenha amortecido algumas coisas.

O novo líder do clã Jin por sua vez era um jovem. Tendo assumido seu próprio clã numa idade muito jovem sabia as inseguranças que o jovem tinha, portanto não culparia nenhum nervosismo ou pouca instrução nas reuniões. No fim, mesmo que estivesse sendo preparado para ser o sucessor legítimo, não era uma tarefa fácil se ver da noite para dia tomado de responsabilidades, como aconteceu com Huaisang, ou o que ele aparentou ao mundo.

Foi um pouco de surpresa encontrar um jovem com sagacidade no olhar, como se o manto da responsabilidade já fosse velha conhecida. Não havia dúvidas ou vacilo no olhar do jovem. Impressionantemente, isso não deixou Lan Huan feliz. Ele era mais um como ele. Alguém que precisara morrer para si mesmo e perder seu brilho interior, aprendendo e absorvendo as coisas da forma mais brutal. Como alguém que precisava manter a ordem, evitar desentendimentos internos, o rapaz precisava ser forte para as coisas não fugirem do controle após os escândalos envolvendo o nome de Jin GuangYao.

Mas não era apenas isso. Lan Xichen lembra do jovem vivaz e temperamental. Agora havia um garoto que precisou virar um homem e esconder tudo o que o angustiava. Ele acabou por virar uma... cópia de seu outro tio, também líder de seita.

Não era a preparação como Lan Huan esperaria, e apesar das dificuldades, o rapaz parecia estar se saindo bem. Melhor talvez do que se tivesse sob a guarda do seu tio falecido. O que levava a sua terceira relação construída nessa nova etapa de vida.

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