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Fazia duas horas que Lisa estava sentada no canto da sala, no chão, encolhida. Ela não queria falar com ninguém, nem com Rosé, que foi educada dando o espaço que a tailandesa precisava.

Lisa não sabia exatamente oque sentia. Seu pai morreu. Ela não era tão apegada nele, ja que Chitthip sempre fazia sua cabeça contra Lisa. Mas ele era a única figura masculina que Lisa tinha, ele nunca deixou elas passarem necessidade e sempre eu do bom e do melhor para a educação de Lisa e até mesmo de BamBam.

Agora ele estava morto.

Era como se um vazio crescesse dentro do peito da tailandesa. Seu pai estava morto.

Lisa saiu de seus pensamentos ao ver a sua anjo se sentar em sua frente a uma distância segura. Rosé cruzou as pernas e olhou para a tailandesa. Lisa ergueu o olhar até cruzar com os olhos castanhos claros.

Rosé virou a cabeça para lado. Lisa continuou em silêncio, oque Rosé estava fazendo?

A anjo ficou ali, sem falar nada, sem tirar os olhos da tailandesa e viu o exato momento que os olhos castanhos se encheram de lágrimas.

Lisa não estava conseguindo mais ser forte, ela não sabia lidar com toda essa situação.

Rosé permitiu-se aproximar da tailandesa e envolver seu corpo. Na mesma hora Lisa desmontou em um choro compulsivo e pesado.

A anjo segurava a cabeça dela contra seu peito e seus lábios estavam colados na testa dela sussurrando algumas palavras em latim. Lisa foi se acalmando aos poucos e dormiu ali nos braços da anjo em questão de minutos.

Ela se levantou com a tailandesa nos braços e logo notou o olhar de Chitthip nelas.

—Oque você fez com Lalisa?

—Apenas a fiz dormir, vai ser melhor.

—Como posso saber se posso confiar em você?

Rosé quase bufou.

—Eu não preciso provar nada para você, Chitthip. Cuido de Lisa desde que ela era pequena e a pouco tempo ela descobriu minha existência. Jamais faria mal a ela.

Rosé deitou a menor no sofá, acariciou seu rosto e deixou um beijo em sua testa.

—Porque vocês se tratam como... namoradas?

—Porque nós somos namoradas, oras.

—Da pra você me explicar pelo menos isso?!

Rosé parou de frente a Chitthip e disse

—Eu amo a sua filha, aprendi a ama-la ao longo dos anos e me vi totalmente apaixonada por ela. O neném que eu impedia de cair do berço, a criança que eu ajudei quando ela se perdeu e agora a adolescente que me faz sentir completa. A Lisa é tudo pra mim e eu vou protege-la até o fim. Ta explicado porque a gente namora ou quer que eu desenhe?

Chitthip ficou em silêncio e Rosé voltou para perto de Lisa se sentando no chão. 

Tinha que manter a cabeça focada, tinha que ser firme. Se Rosé bobeasse tudo estaria acabado.

Uma lembrança apareceu em sua mente a fazendo se encolher. Ela não deixaria aquilo acontecer outra vez, ela não poderia, de forma alguma deixar aquilo acontecer.

Talvez Lúcifer estivesse certo, não havia como fugir dele. Mas Rosé o faria até o fim.

—Chaeng? — Olhou para a direção da voz encontrando sua irmã parada — Podemos conversar?

—Claro, Chu, senta aqui.

A anjo mais velha se sentou ao lado da irmã e encostou a cabeça em seu ombro.

—Eu sei que tem algo que você não disse a ninguém, algo que te preocupa.

Rosé suspirou. Jisoo tinha razão.

—Não me sinto muito confortável em falar.

—Você sabe que pode confiar em mim —Jisoo sentiu sua irmã a abraçar e se aninhou ali. Sentiu tanta falta do carinho de Rosé.

— Eu sei, Chu — Beijou a testa da mais velha e respirou fundo — Na última vez que eu vi o Lucifer, antes de eu ser mandada pra cá, ele... ele me forçou a transar com ele. Óbvio que ja tinhamos feito outras vezes, mas era por minha livre e espontânea vontade, eu não sabia que ele era um monstro. Mas naquele dia... ele me violou, me machucou me deixando em um estado deplorável e disse que faria o mesmo com a pessoa que eu mais amasse no mundo. — Os olhos da anjo se encheram de lágrimas e na mesma hora Jisoo abraçou sua irmã com força. Estava doendo imaginar oque Rosé passou sozinha. — Entende porque eu não posso abaixar a guarda? Não quero que aquele monstro encoste um dedo em vocês, principalmente em Lisa.

No sofá, Lisa apertou os olhos com força. Ela havia escutado tudo e se sentia um pouco culpada. Rosé havia feito tanto por ela, porque Lisa nunca retribuiu?

—Eu entendo sua preocupação, Chaeng, também não quero que nada aconteça. Mas oque a gente vai fazer?

—Eu ja fugi do Lucifer uma vez, posso fazer isso de novo

Jisoo ergueu os olhos para a irmã, gostava tanto de ter o mesmo sangue que aquela anjo, sempre sentiu orgulho de ser irmã de Rosé, mesmo vivendo 18 anos sem ela.

—Eu acho que fugir não vai ser a melhor opção, você vai tirar Lisa do mundo dela? Não seria justo

Rosé fechou os olhos por alguns segundos

—Oque eu devo fazer então?

—Por ora, vamos ficar aqui e protege-las. 

—Sim, acho que sera melhor

—Vou voltar a ficar com Jennie e BamBam, finalmente o pequeno se acalmou e a maluca parou de falar — Jisoo se levantou, deu um beijo na testa da irmã e saiu da sala.

Rosé respirou fundo e se virou para olhar Lisa, encontrando-a de olhos abertos e marejados.

—Você ouviu? — Rosé sussurrou sentindo seus próprios olhos marejarem.

Lisa fez que sim e levou uma mão até o rosto da anjo

—Eu sinto muito, meu amor — Lisa sussurrou de volta

Rosé apenas abaixou a cabeça e se permitiu chorar. Não havia nada que ela pudesse fazer.

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