Introdução - O início -

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Eu estava andando pela rua Maybelline normalmente como costume na minha rotina semanal. Não era mais que 10 da manhã. De forma comum, eu estava a caminho treino de natação e passei em frente aquele estabelecimento, a música não era tão alta nem tão baixa, eu me perguntava como podiam estar sempre fazendo essa balbúrdia infernal todas as manhãs, ninguém parecia ligar para todos aqueles adolescentes estranhos e drogados.

Eram muitos jovens da minha idade, talvez alguns mais novos, e outros poucos mais velhos. Todos estavam na porta, alguns se pegavam forte como coelhos no cio e outros pareciam recipientes vazios, corpos sem alma. Estavam ali só por estar, bebendo como se o álcool pudesse preencher o vazio de suas mentes ou compensar todas as feridas em seus corações, se é que havia coração.

Segui meu caminho aumentando um pouco mais o volume da música no meu fone e tratei de caminhas mais rápido, estava atrasada, e isso não era exatamente uma novidade. Apressei o passo mais um pouco, era estranho aquele trajeto estar tão calmo para aquela hora da manhã, era uma rua parcialmente industrial e deveria ter ao menos alguém em porta de loja.

Desconfiei ao máximo aquele clima, minha intuição parecia gritar. Senti que havia passos mais rápidos que os meus vindo atrás de mim, olhei pra trás mas não havia nada lá. Mas eu sentia aquela presença, eu podia ouvir algo atrás nas sombras, então comecei a correr.

Olhava pra todos os lugares e não havia sinal de qualquer alma. Comecei a ficar intimidada logo antes de esbarrar com Carly, minha amiga.

- Lory? Que cara é essa? Parece que viu um fantasma? - perguntou desconfiada, mas logo sorrindo.

- Desculpa Carly.. é que eu senti como se alguém estivesse me.. sei lá, seguindo.

- Relaxa não tem ninguém aqui, deve ser o clima daquela boate esquisita que tá povoando a rua. Ouvi dizer que lá eles fumam um tipo evoluído de LSD, talvez o ar tenha te dado alucinações.

- Não viaja! Foi apenas um.. pressentimento. - desconversei logo caminhando um pouco mais rápido.

- Eu sei que Lynnwood pode ser macabra as vezes mas te garanto que nada interessante acontece aqui desde a colonização. - Riu debochada - Sério qual a chance de nos encontramos o bicho papão por exemplo?

- É.. nenhuma chance.. - concordei baixo mas logo ouvimos sirenes ao nos aproximarmos do prédio de natação.

Corremos para chegar mais perto ficando apenas atrás das fitas laranja de proteção. Vimos três viaturas e uma ambulância.

- Carly.. aqueles não são os Malcolm's? Pais do Jeffrey? - Falou e logo observei o casal ao canto, a mãe de Jeffrey estava aos prantos enquanto o pai falava com o tenente Stevenson.

Andamos um pouco mais e nos juntamos a uma pequena multidão de alunos, percebemos logo que Michael melhor amigo de Jeffrey falava com um policial. Me aproximei de seu irmão mais velho de forma cautelosa, ele me lançou um sorriso fraco.

- Denney? Porque seu irmão tá falando com um policial? - perguntei baixo e ele respirou fundo falando quase próximo do meu ouvido.

- Ontem a noite eles fugiram pra cá e iam aprontar na água, mas o Jeffrey estava muito bêbado e agressivo.. parecia outra pessoa segundo Michael.. então eu vim buscar o mich, o Jeffrey se recusou a vir então o deixei aí, mas ao sairmos do prédio ouvimos um barulho muito alto e corremos pra ver o que era, mas Jeffrey havia sumido e não havia pistas de nada. Deixamos pra lá mas alertamos nosso pai que rapidamente falou com o tenente.. quando chegamos aqui hoje de manhã encontramos.. bem.. - pausou parecendo enjoado, não insisti para que continuasse mas logo Michael apareceu e parecia destroçado de tanto chorar.

- Meu melhor amigo.. e-le estava esquartejado.. na água.. era quase irreconhecível.. m-as.. eu reconheci a camisa que estava ontem.. eu não devia deixar esse imbecil sozinho.. - Falou entre soluços altos logo abraçando o irmão.

As pessoas estavam chocadas, uma sacola preta entrava dentro da ambulância, Carly agarrou meu braço forte, e eu mal consegui respirar. Olhei ao redor de forma vazia buscando algo que não sabia ao certo o que era.

Havia um crime hediondo na nossa cidade, minhas suspeitas estavam certas naquela manhã. Alguém talvez estivesse me seguindo e eu talvez seria a próxima vítima.

Apesar de tudo todos nós sabíamos que Jeffrey era um cara que andava com amizades tortas sua única luz era Michael Evans, seu único amigo de infância. A única pessoa que tolerava o valentão Jeffrey Malcolm's.

Naquele dia ninguém em East High parecia estar no clima de aula. Mesmo aqueles que odiavam Jeffrey se sentiam assustados com o crime, havia policiais nos corredores observando qualquer um que fosse suspeito ou que parecia saber de algo.

A polícia parecia cansada, pois de fato não havia muitas pistas. Como o corpo estava na agua a boa horas era difícil achar DNA ou qualquer boa prova, não havia muitos indícios, não havia um rosto certo pra culpar. Todos pareciam apavorados de forma particular.

Desviei meu olhar para Kaylee, que parecia ainda mais assustada com tudo isso. Mas ao mesmo tempo seu olhar era distante e desconfiado.

- Ei.. eu sei que isso tudo foi assustador e tal.. mas foi um caso isolado então não acho que a gente deva se preocupar entende? - Falei atraindo a atenção da garota.

- É.. quem sabe.. Mas mesmo assim vamos nos cuidar né? Sei lá o cara que matou o Jeffrey poderia só querer vingança, mas depois de provar sangue esteja atrás de novas vítimas..

- Acho que você tá lendo muito sobre o bicho papão pobre donzela! - ironizou rindo.

- Não questione meu gosto literário! Eu vou pra aula, te vejo depois.

Sorri me despedindo da morena e logo meu olhar rodeou os corredores. Enquanto pensava eu senti a sensação de que algo faltava. Uma peça estava mal encaixada. Talvez algo que a policia deixou passar.

Lembrei de algo e então os vi. O grupo de amigos de Jeffrey, sempre pareciam agressivos e com cara de enterro mas hoje percebi que esse era apenas o jeito deles e que pra alguém que perdeu um amigo, eles não pareciam nada tristes. Me senti levemente indignada e intrigada. Os observei calmamente sem olhar de fato pra eles. Na verdade eu me perguntava quem eram de fato, não os conhecia de verdade, ninguém falava muito deles. Era como se fossem isolados que só eram vistos por pessoas seletas.

Se EastVille fosse um campo de batalha eles seriam os desgarrados em guerra interna. Talvez eles eram o problema.

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⏰ Última atualização: Oct 20, 2022 ⏰

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