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Prólogo

Nataniel era o filho da melhor amiga da minha mãe, por isso nós o víamos frequentemente. Eu até mesmo me lembro de quando a mãe dele estava grávida. Eu o peguei no colo quando ele era bebê e praticamente o vi crescer.

Ele era um garotinho tímido, porém com muita energia, que eu regularmente levava para dar uma volta na praça em frente a sua casa.

Ele corria na grama até ficar ofegante, ai me puxava para empurra-lo no balanço.
Por várias vezes, ele pegava no sono em meus braços, quando parávamos para descansar na grama.

Eu gostava dele. Gostava do cheirinho da colônia infantil dele. Gostava de bagunçar seus cabelos somente para ve-lo um pouco irritado comigo.

Acontece que Nataniel não tinha irmãos ou amigos, então eu fiz esse papel. De irmão mais velho e melhor amigo dele.

Aos finais de semana, eu o levava para assar marshmallow's em volta de uma fogueira, para nadar no clube ou para fazer um pique-nique no jardim.

Algumas vezes, até devo ter ficado de babá, tendo que ajuda-lo a guardar os brinquedos e coloca-lo para dormir.

Mas para mim realmente não importava, eu gostava de passar tempo com ele.

Foi então, em uma manhã de sábado, quando Nataniel já estava com seus 7 anos e eu 17, já que eu sou dez anos mais velho do que ele, que eu o apanhei em casa, como sempre, já com uma cesta de pique-nique lotada de sanduíches, tortas e sucos.

Caminhamos pouco mais de vinte minutos para chegar ao jardim comunitário, um dos nossos lugares preferidos.

Escolhemos um belo espaço em uma área de grama e eu desenrolei a toalha ali para que ele pudesse se sentar.

Nataniel estava quieto, sentado balançando as perninhas e olhando para as crianças brincando mais a frente. Uma coisa em particular chamou a atenção dele: dois meninos de mais ou menos a idade dele caminhando de mãos dadas.

-Ry -Me chamou, ainda com o olhar perdido no horizonte mais a frente- Dois garotos podem se casar?

Eu o olhei um pouco confuso, mas respondi por fim.

-Sim, dois garotos podem se casar, desde que eles sejam maiores de idade e se amem.
Ele ficou em silêncio por mais alguns instantes, então se virou para finalmente me olhar.

-Mas Deus não vai castiga-los?

-As pessoas fazem Deus parecer um monstro, Nate. Deus manda amar o próximo e, se quem você ama é um garoto, não tem problema. O mais importante é o amor, é ele que sustenta todas as coisas.

Ele concordou com a cabeça e voltou a vagar o olhar para frente.

-Acho que o papai não ama a mamãe -Ele soltou, eventualmente.

-Por que você acha isso? -Disse, com cautela.

-Eles não querem ficar casados mais. Mamãe contou pra tia Dih que não gosta do casamento.

Eu me mantive calado, esperando ele continuar.

-As pessoas só se casam por amor, não é? -Ele virou a cabeça para me olhar novamente- Então eles não devem se amar mais.

Eu engoli seco. Não fazia idéia do que falar para aquele garotinho de 7 anos.
Fiz a única coisa que me ocorreu: abri os braços e o chamei para chegasse mais perto.

Nataniel sentou em meu colo e me abraçou, escorando a cabeça em meu peito.

-Ry, não quero que eles fiquem casados mais. Não podem ficar casados sem amor -Sua voz embargada tremulou e eu lutei para não chorar.

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⏰ Última atualização: Oct 01, 2021 ⏰

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