não toque.

240 43 51
                                    

SKIN

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

SKIN
.

Changkyun, desde pequeno, sabia que tinha algo que o diferia dos demais.

Todos os seus amigos podiam ir à praia sem se preocupar se os outros encarariam seus pés. Todos os seus amigos podiam usar regatas sem se preocupar se encarariam seus braços. Todos os seus amigos podiam ir dormir sem passar mais de três tipos de creme noturno para a pele, e todos os seus amigos aproveitavam o sol pois nenhum deles tinha aquilo.

Com o tempo, começou a se tornar sufocante. Changkyun já tinha pensado uma, duas, cinco vezes se seria de todo mal coçar um pouco. E ele coçou, e depois tinha sangue em seus dedos, e depois tinha sua mãe desesperada lhe avisando pela vigésima vez que "não podia coçar as feridas" ou a cicatrização não aconteceria, que seja. Era mentira. Nunca cicatrizava. Seus pés sufocados em tênis quentes não deixavam isso acontecer, mas se caso usasse sandálias, o sol tornaria tudo pior. Ele estava acorrentado àquilo. Então, decidiu esconder suas amarras.

Recebeu todo tipo de apelido. No ensino médio achavam que ele era anormal; um calor daqueles e Changkyun todo tapado? Na viagem escolar ele mais do que nunca quis tirar seu casaco, aproveitar o sol em seus ombros e... em seus braços. Lembrar-se do que estava por baixo dos tecidos e bem como por que eles estavam ali era o suficiente para que desistisse de tudo. Ele poderia aguentar uma vida se escondendo. Era só ninguém tocar.

Ele encarava horas no chuveiro, esfregando seus braços com todos os sabonetes e loções esfoliantes e qualquer coisa que parecesse funcional para arrancar sua pele longe de seu corpo e deixar que uma camada nova e macia crescesse no lugar. Mas não funcionava, e seus braços só faziam ficar mais vermelhos, mais inflamados, mais bolhosos, mais ásperos, mais horríveis. Era sufocante. Haviam dias onde ele queria pegar a lixa de unha de sua mãe e passar no corpo todo, na esperança de se tornar como os outros.

Mas Changkyun eventualmente se apaixonou. Caiu de amores por um garoto, seu colega de faculdade, que tinha pele macia e normal e cheirava exatamente como a brisa do mar. Talvez ele gostasse de praia. Talvez ele fosse detestar namorar Changkyun, que não podia frequentá-las, mesmo tendo nascido no litoral do país. Mas talvez o garoto também estivesse apaixonado por ele. E talvez o garoto o beijasse com tanta paixão que o fizesse esquecer tudo o que revestia seu corpo e se escondia em cavernas de algodão.

O nome dele era Kihyun.

E ele, um dia, quis tocar Changkyun.

Mas como ele poderia deixar Kihyun tocá-lo? E se fosse contagioso? E se Kihyun sentisse nojo? Como ele explicaria a Kihyun que sua pele doía com toque excessivo? Que as feridas em seus pés não podiam entrar em contato com o mar, com o sol? Como ele poderia arrastar seu precioso Kihyun para dentro da bagunça que ele era?

Mas quando Kihyun subia seu moletom e tirava sua camisa, encarando das manchas e aspereza de seus braços até as feridas de seus pés, ele sorria. Ele dizia a Changkyun como ele era bonito e como sua pele era perfeitamente normal. Ele acariciava os braços de Changkyun com as palmas, mostrando-as logo depois e dizendo que estava tudo bem, que até mesmo era bom de tocar. Ele beijava os braços de Changkyun sem nenhum receio. E ele perguntava a Changkyun até quando poderia acariciar, e pedia para que ele o avisasse quando a aspereza começasse a incomodá-lo. Kihyun não tinha nojo.

— E você também não deveria ter, Changkyun.

.

oi
eu pareço entidade nesse site só aparecendo 1 vez por ano KKK
a categoria de problemas de pele é muito mal explorada então estou contribuindo com a minha parte. essa também é uma oneshot bastante pessoal, então espero que tenham gostado e talvez se identificado
eu tô meio enferrujada então me perdoem se a escrita não tiver lá essas coisas. vou tentar voltar a postar algumas coisas aqui ;)
espero que tenham um bom fim de ano!

- wjsnchateau

SKINOnde histórias criam vida. Descubra agora