Chicago, 15 de dezembro de 2020. Dias de hoje.
Hoje, o dia estava anormalmente fresco. É inverno e a temperatura costuma ficar abaixo de zero. Mas não presentemente.
De qualquer forma ainda é frio. A neve já começou a cobrir ruas, os topos de árvores, telhados de casas e a causar transtorno, para quem encontra o carro com as rodas atoladas de manhã. Deixar algum automóvel ao relento não é uma boa opção.
Estou sentado em um café aconchegante. Venho muito aqui ultimamente.
Olho para o lado. A rua está movimentada, devido a proximidade do natal.
Minhas mãos estão geladas e ainda que o café, na caneca que estou segurando esteja quente, a sensação de frio e vazio nunca me abandonam.
Eu vagava por essa cidade como um fantasma. Nunca sabendo muito bem o que fazer ou aonde ir, então passava a maior parte do tempo em casa.
Chicago conseguia ser bonita, principalmente à noite. Eu gostava do clima frio, mas não gostava da sensação que me assolava toda vez, que meus pés pisavam no solo dessa cidade. A dor, a angústia, a inquietação.
É engraçado pensar em como esses são os únicos sentimentos que me rondam nos últimos dois anos.
Quem eu estou querendo enganar? Não eram somente esses sentimentos. Eu também carrego no peito amor. Tanto amor. Um amor de tirar o fôlego. Por uma mulher que estou perdendo.
Essa mulher se chama Juliet.
Eu a conheci quando tinha 10 anos e minha família se mudou para o bairro dela, na Califórnia.
As primeiras semanas foram desconfortáveis e eu não era bom fazendo amigos. Era filho único e isso tornava as coisas um pouco mais solitárias. Mudanças são difíceis e mesmo sendo tão novo, eu não queria preocupar meus pais com a minha falta de jeito para me enturmar.
Então, Juliet apareceu. Ela tinha sardas nas bochechas e no nariz, cabelos acobreados e grandes olhos castanhos claros. Não. Não eram verdes. Podiam parecer se você olhasse refletido pela luz do sol, mas eram castanhos. Eu sabia disso, porque gravei cada detalhe daquela garota.
Ela não pediu para ser minha amiga ou me defendeu de algum valentão, mesmo sendo uma garotinha. Ela não implicou comigo ou foi doce demais.
Juliet não falou nada.
Ela simplesmente se sentou ao meu lado, balançando as pequenas pernas, começou a cantarolar uma música que eu nunca tinha ouvido e depois de perceber que eu a observava, me ofereceu uma das suas balinhas de menta.
Eu aceitei.
Foi aí que tudo começou.
Aos 12 anos nós éramos inseparáveis. Íamos para a escola juntos. Brincávamos juntos. Fazíamos lição juntos. Às vezes ela dormia na minha casa ou eu na dela. Nós falávamos sobre tudo e tudo era muito pouco para nós. Uma amizade, que só encontramos uma vez na vida, segundo nossos pais.
Aos 15 anos nós éramos mais grudados ainda, mesmo ela sendo um ano mais nova. Eu a protegia, eu a entendia, eu a ouvia e fazia tudo por ela. Nunca mentimos. Nunca escondemos. Todos os segredos eram nossos, compartilhados. Eu confiava nela com minha vida e vice versa. Se meu dia era triste, eu corria até Juliet, se algo bom acontecia, ela era a primeira a quem eu queria contar. Nossa relação era meu porto seguro.
Aos 18 anos eu me apaixonei. Talvez eu já fosse apaixonado a muito tempo, mas ainda não tinha visto as coisas por esse ângulo. Juliet era linda, cheia de vida e fazia cada maldito dia meu valer a pena. Ela valia a pena.
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Broken Heart
Lãng mạnO que fazer quando o seu final feliz parece escorrer por entre seus dedos? Juliet precisa de uma saída, mas não sabe como escapar da teia em que foi presa. Ela está prestes a desistir e sucumbir a escuridão. Ethan quer sua melhor amiga de volta e es...