O começo

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Era um dia quente de sol no primeiro ano do ensino médio no colégio da Sanford nos EUA. Era uma coisa esquisita ver todos se abraçando um momento meio " volta ás aulas" com amigos meio " é tão bom rever você" e eu esquisita lá no canto segurando minha mochila encolhida na parede pensando o que deveria fazer e como reagir diante de tantas pessoas que conversavam abertamente com seus grandes " brothers" de que sentiram falta. Eu não acreditava, mas tinha uma garota,sério, uma garota vindo em minha direção com um olhar misterioso e a sombrancelha fazendo movimentos esquisitos. Eu comecei a gostar disso e também comecei a movimentar as minhas, mentira Rs', ela parou, olhou em volta e disse " Olá", nossa cara, voce tem noção do medo que eu fiquei enquanto ela vinha em minha direção com movimentos estranhos e ela diz simplismente "Oi".

Pessoa desconhecida- Tudo bem contigo ?

Eu- Sim.

Ela- Está sozinha ?

Eu- Não.

Ela- Como é seu nome ?

Eu- Amélia, mas pode me chamar de Mel.

Ela- O meu é Docinho, mas pode me chamar de doce.

E ela piscou.Comecei achar que ela era lésbica e se aquilo era algum tipo de cantada ela errou feio.

Eu- Haha ( sorrisinho falso )

Ela- Opa ! o sinal bateu ! vambora.

PS: ela me puchou com tanta força que meu braço doeu até chegar em casa.Entramos na sala e ela finalmente soltou meu braço,nossa ! que alívio, meu braço estava prestes a criar vida e se afastar sozinho daquela garota e olha que eu ainda não sabia o nome dela e chamar as pessoas de "coisinha" no primeiro ano do ensino médio não era uma coisa legal, principalmente se você não tem intimidade com a pessoa com quem se fala. A aula ainda não tinha começado até entrar o professor de biologia com cara de bunda me encarando e todos me olhando e ele disse:

- Hoje vamos começar com um novo aluno, qual é seu nome garoto ?

Que ?! essa foi a coisa mais humilhante que eu tive que passar em toda minha vida ! eu tenho cara de menino ? agora eu vou falar uma coisa que vai doer muito.

- Meu nome é Amélia, qual o seu professora ? ( e término a frase com um grande e discreto sorriso malicioso.Deu merda.O cara surtou de vez e fez o maior barraco dizendo que eu o faltei com respeito, no que deu ? fui pra sala da diretora ! sala de diretora ! Eu nunca fui levada nessa merda e não era agora no primeiro dia de aula de uma escola que eu mal conhecia que eu ia ser advertida por um diretor, além do mais eu sempre estudei direitinho que droga !. Fiquei na frente da escola esperando meus pais virem me buscar e finalmente eles apareceram e com uma cara que eu nunca tinha presenciado, ele veio em minha direção decepcionado e eu sabia por que. Eu entrei no carro séria e me sentei sem fazer ruído algum, eu sempre fui uma menina voltada nos estudos e muito "certinha" como muitos diziam, mas aquele professor testou meus limites e eu era mais que um wikipedia automático treinado pelos pais, eu achava que meu pai iria começar com discursos sobre a humanidade, respeito, ética e a diferença entre o ser e o ter ( ele era professor de filosofia ), mas ele disse:

Pai de Amélia ( que você vai saber o nome daqui a pouco ) - Estou muito decepcionado com você.

Eu não respondi e fiquei relembrando o momento em que dei uma linda patada no professor e todos riram.

Fernando- Estou muito decepcionado com você de verdade.

O silêncio era absoluto e se eu dissese alguma coisa iria piorar, ele parou o carro em frente a nossa casa e pronto, lar doce lar.Entramos e eu fui direto pro quarto, quando eu disse que "meu pais viriam me buscar" levem ao pé da letra, não eram "pais" eram pais mesmo.

Fernando- Amélia !!!! desca já aqui !.

Lá vou eu descendo as escadas e seguindo o rastro da voz que parecia vim da cozinha, "não a lugar melhor para ouvir uma discussão" meu pai sempre disse isso, ele diz que quando se ouve uma discussão na cozinha "você pega todas as palavras cozinha no fogão depois as come e as distingue melhor", ele é um filósofo ambulante, e da única coisa que eu gosto de fazer enquanto ouço uma discussão na cozinha é sentir o cheiro do frango assado do meu outro pai.Existiam dois homens na casa que era Fernando meu pai de sangue e Ryan meu pai adotivo, a relação dos dois era admirável. Meu pai Fernando veio em minha direção e disse:

-Qual é o seu problema ?

Continuei em silêncio.

-Eu e Ryan vamos te castigar, e você vai ficar trancada no quarto o dia todo.

Esse era o melhor castigo que já recebi hahaha. Percebi que eles são novatos nessa coisa de "castigar filhos" e isso é muito bom.

A garota geekOnde histórias criam vida. Descubra agora