XIII

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A primeira coisa que eu ouvi quando recobrei a consciência foi um canto de pássaro.

Lentamente, fui abrindo meus olhos e um raio de luz quase me cegou. Quando minha visão se acomodou, me peguei observando uma janela, e nela havia uma andorinha. Ela, ao perceber que eu a olhava, abriu as asas e cantou mais alto. Por um momento, tive um vislumbre do rosto sorridente de Jisoo, suas asas feéricas douradas brilhando atrás de si.

— Eu sabia que conseguiria, Mingyu! — Ele disse. Tentei sorrir em sua direção, mas o cansaço tomou conta de meu corpo, e me vi adormecendo mais uma vez.

Quando acordei, tudo estava cinza. Pela janela, pude ver que o sol subia aos poucos, trazendo luz ao mundo. Pisquei rapidamente enquanto tentava entender onde eu estava. Era meu quarto no palácio. Tentei me mexer e senti meu corpo todo doer, arfei baixinho e olhei para baixo, vendo inúmeras faixas em minha barriga, braços e mãos, pude sentir algumas ataduras em meu rosto também. Fiz um esforço para levantar, me sentei na cama e olhei minhas mãos. Ao tentar mexer os dedos, senti ondas de eletricidade percorrerem meu corpo. Que esquisito, eu me sinto... Anestesiado.

— Mingyu? — Quase desmaiei de novo com o susto que levei, procurei o dono daquela voz e encontrei Seungkwan na porta do meu quarto, carregando um balde com água.

— Ah... E aí. — Tentei sorrir, mas a dor foi tanta que me contentei em acenar com a mão.

Seungkwan ficou parado na porta por mais uns cinco minutos, e então largou tudo no chão e correu até mim, me abraçando com força.

— Mingyu! — Ele soluçou. Seu tom de voz era tão sôfrego que decidi esquecer a dor excruciante que aquele abraço de urso me causou — Graças aos deuses! Eu pensei... Nós pensamos...

— Ei, calma lá. — Soltei uma risada e o empurrei delicadamente — Por quanto tempo eu apaguei?

— Dois dias.

— Dois dias? — Gritei, mas logo fiz uma careta com a dor que se alastrou pelo meu peito.

— Sim. — A fada segurou meu rosto — Você está bem? Como se sente?

— Como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. — Soltei uma risada amarga, suspirando pelo toque delicado do outro. Seungkwan tombou a cabeça para o lado e estreitou os olhos.

— Caminhão?

— Esquece. — Toquei sua mão e observei pequenas flores desabrocharem em seus cabelos — Me sinto destruído, mas bem. O que aconteceu aquele dia?

— Não sabemos. — A fada suspirou — Suyeon, Minghao e Jihoon disseram que você começou a brilhar que nem uma estrela, e então explodiu. Ondas douradas tomaram conta do povoado todo, e, quando dissiparam, era como se a cidade nunca tivesse sido destruída. Então, você desmaiou.

— E o Monstro? — Engoli em seco, aos poucos me lembrando do ocorrido — E o povo? E... Wonwoo?

— O Monstro está com Sooyoung agora, o povo voltou para o vilarejo, e Wonwoo... — Seungkwan sorriu — Talvez seja melhor você vê-lo pessoalmente. E os outros também, poxa, você tem noção do quão preocupados nós todos ficamos, majestade? Até Jihoon ficou aflito!

— Desculpe. — Soltei uma risada nasal e beijei a bochecha de Seungkwan — Obrigado, Kwan.

Não sei se foi impressão minha, mas pude ver pequenos brilhos dourados refletirem em seus olhos, juntamente de um leve cheiro de rosas. Seungkwan sorriu, acanhado, e me ajudou a levantar. Abracei seus ombros e tentei andar, ignorando a dor em meus músculos. O castelo estava silencioso, mas pude sentir paz emanando de suas paredes, como se toda energia ruim tivesse se dissipado. Inconscientemente, abri um sorriso.

✘ this is (NOT) a dream.Onde histórias criam vida. Descubra agora