Todos os girassóis de Taehyung

Prólogo

Um homem.

Estranhamente bizarro, com chifres iguais a de um cervo saindo de sua cabeça. Andava, tranquilamente, carregando uma cesta vermelha cheia de flores coloridas enquanto murmurava uma cantiga bastante nova para Jeongguk atrás das árvores observando aquele ser de longe.

Não era de hoje que o garoto de olhos noturnos vira aquela figura estranhamente elegante. Já fazia algumas semanas que ele o observava naquele mesmo local todas as sextas-feiras, pois aquele era o dia que ele saía mais cedo do colégio desde que sua professora de história entrou em licença maternidade.

Uma chuva fina caía e criava pequenas gotas de orvalho em suas mechas negras, mas ele não parecia se importar com isso e muito menos o homem estranho que cantava e falava com todas as plantas conforme ele seguia por aquela trilha tão conhecida por si. Taehyung perguntava, com toda a educação que lhe fora ensinado por sua falecida mãe, se ele podia pegar as flores desejadas para preparar suas tintas naturais. A floresta respondia beijando o seu rosto angelical com uma brisa fria que lhe arrancava sorrisos cativantes.

— Obrigado. — Ele disse de forma doce, voltando a seguir o seu caminho de volta para casa após ter pegado o que queria, prosseguindo com a sua cantiga estranha demais para os ouvidos de Jeongguk.

O moreno o seguiu. Nunca tinha ido tão longe, mas a sua curiosidade aquele dia estava falando mais alto para ser ignorada, mesmo com o seu celular vibrando sem parar no bolso de sua calça jeans. Ele até imaginava quem seria naquele final de tarde, e por saber quem era ele ignorou e prosseguiu com a sua investigação, tomando todo o cuidado para não ser capturado pelas as órbitas acastanhadas do homem de chifres na cabeça.

Ele vive sozinho aqui? Era isso que passava na cabeça de Jeongguk conforme os espaços minúsculo entre as árvores revelava uma pequena e aconchegante cabana no meio da floresta, um ponto bastante iluminado, com um lago do lado e dois gatos bastante peludos brincando nas folhas secas caídas no chão. Para o moreno, aquilo parecia ter saído de um conto de fadas. Tão lindo que seus olhos se encheram de lágrimas, com a calmaria que aquele lugar transmitia.

Doce garoto estranho,

se você me acompanhou até aqui por favor, entre para apreciar de um belo suco fresco de acerola. A floresta costuma ser bem entediante e solitária as vezes.

Jeongguk leu em uma letra bonita e bem desenhada, em um pequeno bilhete deixado na velha árvore dona de belas folhas alaranjadas e de raízes enormes saindo da terra. Aquilo causou um rebuliço no estômago do moreno. Saber que o homem de chifres sabia que ele o seguia e estava o convidando para tomar suco era deveras assustador. Jeongguk leu várias histórias de contos de fadas e em todas elas que algum estranho convidava as crianças inocentes para entrar em suas casas não tinham um final muito legal.

Mas, mesmo com medo, ele foi. As folhas secas sendo quebradas pelo o coturno de cor marrom e despertando a atenção de Taehyung que parou de cantar para olha-lo com um sorriso pequeno nos lábios cor de pêssego.

— Então você veio. — Taehyung falou suave, dando as costas ao garoto antes mesmo que ele pudesse abrir a boca para responder e seguiu adiante em passos calmos, prevenidos, pois por amar andar descalços ele sempre tinha o azar de pisar em alguns espinhos nada agradáveis iguais as pedrinhas coloridas e macias que costumava pisar em suas caminhadas vespertinas. — Venha, eu não irei engordar você e te jogar no meu forno limpo.

— Primeiro me diga o que você é? — Jeongguk continuou parado no mesmo canto, com medo de que algum passo adiante o levasse para os seus últimos momentos no mundo dos vivos antes de ser devorado por aquela boca nada assustadora, mas ele não podia falar o mesmo dos olhos brilhosos demais para o seu gosto.