tenho estado em lugares que não me cabem. constante sensação de sufoco.
dói.
aperta meus ombros, pés, cabeça.mal posso me sentir.
não entendo como as pessoas fingem ser o que não são, e abandonam o incrível fato de que podem ser o que quiser. não as julgo, eu faço parte disso.
ontem, eu caí e não pude chorar, pois chorar demonstra fraqueza. porém, quem são os fracos? por que não posso sê-los?
chorar alivia, chorar renova.
não entendo o motivo de chorar no banheiro.
sem ninguém.
sem sorrir.
sem dizer que depois do chorotudo permanece o mesmo.
ontem eu caí, e cercada de olhares,
juízes, curiosos, fingi estar tudo bem. por que preferimos a mentira?dizem que aceitamos o que queremos ouvir.
e se eu permanecer em silêncio?
e se eu disser a verdade?
e se a verdade for um alívio pra mim?tenho problemas.
tenho falhas.
tenho muitas dívidas, e não faço ideia de como pagá-las.nos últimos dias, não tenho conseguido fazer nada, e talvez o caminho da sala ao corredor tenha sido o meu único trajeto há meses.
também não tenho me alimentado bem, e as consultas com a terapeuta estão cada vez mais impossíveis.
hoje eu caí.
diferente de ontem escolhi a verdade.
falei do que sinto e pude me ouvir.
houve os mesmos curiosos, juízes, olhares, apontamentos. nada que eu não soubesse.
atenta quis olhar o eco, e de longe vindo ali tímido, pequeno e singelo.
surpresa, ouvi de volta:"nós caímos também".