Consulta

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Will on

Minha mãe foi convenientemente retirada da cabana para que a anciã pudesse continuar com a "consulta".

Vejo espantado como a fachada de anciã débil se dissolve, dando lugar a preocupação e um certo temor enquanto ela murmurava coisas e revirava as bancadas em busca de algo. Ela parecia saber exatamente o que estava acontecendo, principalmente se ela sentiu a necessidade de mandar uma mensagem por meio de um pombo em um momento como esse.

Dou dois passos silenciosos para trás, planejando fugir na primeira oportunidade, não deixaria essa mulher tirar de mim o  que passei anos procurando, principalmente depois que ela pareceu alcançar o que procurava: uma adaga curva e afiada.

Will, corra.

Não me diga!!

A discrição do meu plano foi completamente esquecida e eu comecei a acelerar os meus passos para trás enquanto a anciã fala comigo virada para uma bancada, tentando inutilmente esconder a arma recém adquirida.

-O que tem é muito perigoso, garoto. Venha a mim para que possa resolver isso...-

A este ponto minhas mãos se encontravam prensadas entre minhas costas e a porta, que foi aberta num ato de desespero de minha parte quando Vaeradi dava sinais que se voltaria para mim.

Então, num surto de adrenalina, eu já estava avançando sobre a trilha íngreme . Meus pés escorregando no solo fofo da floresta de modo que preciso do apoio de minhas mãos para continuar.Após chegar no topo do aclive eu já tinha um plano razoável: Diria que a velha enlouqueceu, o que não seria difícil de acreditar já que ela está correndo atrás de mim com uma faca...

Você não pode nos transformar de novo?

Não, Will. Pude naquela hora por causa daquela gororoba, a partir de agora só quando tivermos um laço mais forte.

Merda, ao menos estou a poucos metros da vila.

Alívio passa por meu corpo, posso até não gostar muito do passado que tive aqui, mas a aldeia é inegavelmente segura de 'males maiores' e acho que uma louca com uma faca é pior que hematomas suspeitos e repentinos, ao menos o suficiente para conseguir ajuda...

Já podia ver o teto das primeiras casas quando meu pé enganchou-se em aparentemente nada, me levando para o chão. Num pensamento rápido rolo para debaixo do arbusto ao meu lado na esperança que ela não tenha visto a queda e eu esteja seguro.

-...para eles não virem?- começo a escutar quando meu coração diminuiu o compasso. Quem quer que seja chegou depois da minha derrapagem trágica, ou não estaria conversando tão tranquilamente.

- A sub-sul foi atacada há dois dias, levaram uma carroça que havia retornado por conta de um defeito na roda...- Essa voz era a mesma que acompanhara a da anciã na classificação, nosso líder.

-Merda. Essas coisas estão avançando cada vez mais, se tornando mais audaciosas nos ataques. Nunca que na primeira era de paz eles chegariam tão perto de áreas lupinas! Ao menos mandamos aqueles idiotas trazerem tudo de uma vez.- Essa voz me é familiar, definitivamente da nossa aldeia, mas não sei de quem...

-Acalme-se Ferin, eles conseguiram apenas uma batalha, temos uma guerra inteira pela frente. Não podemos nos preocupar com a morte de meia dúzia de filhotes e lobas de sub-sul pacifistas. E sim, é um alívio.- Ferin... Líder do nosso batalhão em tempos de batalha e tio do comandante do grupo de caça.

-Devo comunicar a proibição daquela área então?-

-Sim, sim. Faça isso... Agora eu tenho que ir, a velha achou algo que pode ferrar com tudo. Disse que ia resolver, mas...-

Royal's wolf(Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora