Tequila e uísque

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Os olhos de Addison fitavam o quadro de cirurgias, a noite estava bem mais tranquila do que o dia fora, porém, os olhares desconfiados de quem passava por ela acabavam por dificultar as coisas. "Parabéns doutora" ela pensara com um meio sorriso "conseguiu estragar tudo, de novo!". Os olhos verdes correram uma vez mais pelo quadro, não havia seu nome e nem o nome do Meredith, o que indicava que a interna havia sido dispensada naquela noite. Montgomery acabara caminhando até a sala onde os vestiários dos atendentes ficavam, se dispondo de seu avental e pegando seus pertences. 

Após atravessar os longos corredores que o Seattle Grace possuía, Addison desaguara na parte externa, ouvindo o barulho de seus saltos tilintarem pelo chão levemente molhado pela chuva que banhara a cidade horas antes. Ainda era possível sentir alguns finos pingos caindo em seu rosto, porém, a doutora caminhara até o outro lado da rua, tendo como destino o bar do Joe. O sino da porta acabara por lhe entregar, fazendo com que alguns poucos olhares lhe fitassem assim que ela adentrara o local. 

Montgomery andara devagar, sentando-se nas cadeiras laterais da bancada do bar. Os olhos cansados se converteram em um sorriso leve, pedindo uma dose dupla de uísque com gelo. Do outro lado da bancada, Meredith virava sabe-se lá qual dose de tequila, seus olhos miravam Addison sem cerimônia, e embora o álcool na maior parte das vezes servisse para lhe entorpecer os sentidos, naquele momento a tequila só fazia com que mais e mais sentimentos se mostrassem visíveis.

Uma a uma, as pessoas faziam seu caminho até a porta, partindo em direção as suas casas a medida que Addison sentia seu corpo se tornar um tanto mais leve. Era incrível o que o álcool poderia fazer em cima de um corpo e alma cansados. Quando o Joe's se tornara vazio, já se aproximando da madrugada, Grey tomara coragem, se levantando e então caminhando até o banco próximo de onde a doutora estava. Suas mãos se espalmaram sobre a bancada, e ela mirou uma garrafa de qualquer coisa que estava longe de si.

-O que foi aquilo, Addison? E tenha em mente que estou lhe perguntando isso agora porque não terei coragem de perguntar depois. -A ruiva lhe olhara com os os lábios entreabertos, encarando-a, porém vendo sua imagem embaçada. 

-Tem certeza que… Doutora Grey, você tem certeza que quer falar sobre isso agora? Eu não estou em um dia bom como todo mundo do hospital pode perceber. -Grey sorrira ao receber uma outra dose de tequila, virando-a no minuto seguinte.

-Porque me beijou se me odeia? -O gosto forte da bebida inundava todo seu paladar, fazendo com que ela fechasse os olhos por alguns segundos.

-Não sei porque te beijei. -Addison suspirara segurando o copo de vidro vazio. -... E eu não te odeio. 

-Achei que eu estava na sua lista de prioridades de ódio, afinal eu sou a amante imunda que dormiu com seu marido. -Meredith rira.

-Ex marido. -A ruiva acabara apoiando seus braços sobre a bancada, se deitando sobre eles.

-Ex marido? -Grey a fitara, virando seu corpo em direção a ruiva. -Addison? -O corpo da doutora se movia razoavelmente, enquanto era possível ouvir um fungado provindo do choro. -Ei, não… Você não pode chorar assim! -Meredith se levantara, posicionando seus braços ao redor da médica que todos pensavam que ela também odiava. -Eu vou te levar para casa ok? Eu não gostaria de estar sozinha em uma situação assim. 

O táxi fora chamado minutos depois, por Joe, claro, pois nenhuma das duas mulheres estava em condições de fazer absolutamente nada. Ao adentrarem no carro, Meredith relaxara no banco, percebendo que o corpo quente de Addison estava agarrado ao seu, com o rosto da ruiva posicionado perigosamente contra seu pescoço. Voltava a chover lá fora, enquanto os vidros embaçados do táxi escondiam que Meredith Grey silenciosamente fechava seus olhos enquanto sentia coisas borbolharem dentro de si em vista da respiração quente e pesada contra seu pescoço.

Após alguns longos minutos, o homem estacionara na porta da casa da Doutora Grey, recebendo seu pagamento. Com certa dificuldade, Meredith ajudara a ruiva a descer do veículo, passando seu braço ao redor da cintura bem demarcada. A porta da entrada fora aberta, ambas adentraram ao lugar, escutando o barulho da televisão ligada na sala. 

-Tem certeza que está tudo bem eu vir pra cá? Seus amigos não irão se importar? -Addison lhe olhara com o rosto levemente avermelhado pelo choro intermitente. 

-A casa é minha! Tenho o direito de trazer quem eu bem entender para dentro… Vamos, preciso que suba as escadas comigo, tudo bem? -O mundo de Meredith girava, mas algum resquício de sobriedade ainda habitava seu corpo, fazendo com que ela levasse Montgomery consigo.

Ao passar da porta para a escada, os olhos curiosos de Izzie e George as fitaram. Aquela era Addison Montgomery? Izzie ia abrir a boca para comentar algo, porém, o olha fuzilante que Grey lhe dera a fizera se calar e se afundar no sofá, enquanto George permanecia boquiaberto. Meredith acabara por subir com sua "visita", perdendo os amigos de vista enquanto os dois se olhavam.

-Aquela era Addison Montgomery?- George fitara Izzie com os olhos arregalados.

-Aquela era Addison, com Meredith a segurando… George, eu achei que esse dia não poderia ficar mais estranho! 

Chegando no segundo andar, Grey deixara seus pertences e os pertences da doutora Montgomery no chão, próximos a porta de seu quarto. Após a ação, a loira levara a mulher até o banheiro, fazendo com que a mesma sentasse no vaso cuja tampa estava fechada. Addison a olhara, o choro parecia que nunca teria fim, e olhar para Meredith a deixava ainda mais confusa, fazendo com que o choro viesse ainda mais forte. Grey lhe fizera levantar os braços, retirando a blusa que a mulher usava. Os olhos esverdeados de Meredith acabaram por repousar no sutiã preto que a doutora usava, lhe fazendo ter questionamentos bêbados a respeito de si mesma.

-Você consegue se levantar? Eu preciso te dar um banho! Não posso deixar você dormir assim. -Montgomery sorrira.

-Não é como se você também não estivesse bêbada, até porque se não fosse o álcool… -A ruiva se levantara, ficando com seu corpo colado ao de Meredith. -...Essa situação não estaria… Acontecendo. -Ambas se entrolharam, os lábios pairavam a poucos milimetros, enquanto o álcool deixava tudo um tanto mais atraente e embaçado. -Achei que encontros eram necessários para me ver nua, mas claramente você pulou essa parte.

A Doutora Grey apenas abrira o ziper da saia que a outra mulher usara, tirando o tecido rápidamente. Addison Montgomery estava seminua em sua frente e o mundo de Grey girava de maneira rápida mais uma vez. O destino tinha formas interessantes demais para executar seu trabalho. O resto das roupas de Addison foram retiradas, ao que Meredith evitara olhar demais pois seu corpo estava tendo sensações não familiares. O chuveiro fora aberto e a ruiva adentrara ao box sozinha.

-Se precisar de ajuda eu estou aqui. -A loira se sentara no vaso, respirando profundamente enquanto levava os dedos por entre os fios de cabelo.

Era possível ver a sombra do corpo bem delineado de Addison Montgomery em seu box, e Grey apenas acordara com seu cérebro de que tudo aquilo parecia muito mais interessante porque a tequila falava. Após alguns minutos embaixo da água um tanto mais gelada, Addison saira do box com seus fios ruivos escorrendo em sua pele branca, o rosto ainda se fazia vermelho, porém ela estava um tanto mais consciente. Meredith a guiara pelo corredor até seu quarto, levando consigo as roupas da outra mulher. Após deixa-la no cômodo, fora a vez de Grey tomar o banho dos justos. O cheiro de perfume caro estava impregnado em seu corpo de uma forma que nem o banho havia conseguido tirar. Ela se enxugara e rumara para o quarto, escutando Izzie e George rirem do filme que assistiam.

Ao chegar em seu quarto, sem muito pensar, Meredith apenas vestira uma calcinha nova, se deitando ao lado de Addison que já havia adormecido. Ao puxar um tanto da coberta para si, a loira percebera que Montgomery não usava nada além de sua calcinha. Ela suspirara, cobrindo a mulher sem encostar nenhum dedo dela. Meu Deus, porque a tequila simplesmente não se evaporara de seu corpo? Grey se virara, encolhendo-se na cama, porém, minutos depois, suas costas sentiram o seios quentes se encostando, enquanto os braços de Montgomery lhe abraçavam a cintura. Os olhos se arregalaram, o que ela estava fazendo e como havia deixado a situação chegar naquele ponto?

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