Ele pousou em plena Avenida Paulista. Olhou ao redor. As pessoas caminhavam tranquilamente, pois não havia carros. Porém, a sua chegada atraiu alguns curiosos.
– Maneiro, cara. Posso tirar uma selfie?
Ele abriu a cabine. O outro ficou mais impressionado:
– Mano, maquiagem perfeita. Tá parecendo um ET. Olha pra cá, pra eu pegar nosso melhor ângulo.
Ele sorriu e ouviu um clique. O outro fez um sinal de positivo e seguiu na avenida. Outros curiosos comentavam:
– Vi esse modelo de drone num canal de tecnologia. Parece que o Google investiu uma grana lascada e já tá testando...
– Caraca, mano. E eles já vieram testar aqui?
Ele captou alguns sinais de redes abertas e conectou-se. Interessou-se pelo verbete "Google" que o rapaz havia comentado. E ativou o Google Translator, para entender melhor as conversas.
Chegou um senhor grisalho e puxou conversa:
– Qual a autonomia deste veículo?
– O senhor quer saber em distância ou em tempo?
O homem sorriu. Procurou as câmeras.
– Ok, já percebi que tô participando de uma "pegadinha"...
– Pegadinha? Ah, entendo. Pelo que vi no Google, trata-se de uma situação embaraçosa para fazer as pessoas rirem...
– Isso, isso.
– Não é pegadinha, não, senhor.
– Hum, então é parte de um comercial? Você é contratado do Google?
– Também não, senhor. Acabei de retornar a este planeta. O Google é apenas nossa interface de comunicação. Gostei bastante.
O homem aproximou-se e tocou na pequena nave:
– Você interpreta bem. E o aparelho é realmente bonito. Nem consigo ver as quatro hélices.
– Já não usamos hélices há muitas décadas. Apenas um reator de força antigravitacional. Mas, acredito que vocês ainda não dominam esta tecnologia.
– Ah, saquei...
– Sacou? Não entendi o contexto da sua afirmação.
– É algum filme independente? Vocês vão participar da mostra internacional? (*)
– Realmente, estou gravando. Mas, apenas para reportar aos meus superiores.
– Você está usando maquiagem? Ou é uma daquelas roupas de borracha?
– O senhor se refere à minha aparência? Desculpe-me se pareço-lhe assim tão diferente.
O homem aproximou-se mais:
– Sua voz parece eletrônica. É um robô?
– É o tradutor instantâneo. Levaria muito tempo para aprendermos as respectivas línguas.
O homem olhou ao redor. Procurou alguém a filmá-los. Nada. Apenas outros curiosos a tirar selfies. Voltou-se para o ET:
– Então, a filmagem é você que faz?
– Exato, senhor. Temos mais de cem micro-câmeras na nave e outras dez em meu traje.
– Ok, ok. E, qual o motivo de você estar aqui?
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Visita do ET
HumorCrônica de humor político e econômico, satirizando as eleições que ocorreriam em 2018 (publicado no Facebook do autor em outubro de 2018). Para quem aprecia economia e política, sem perder o bom humor.