One

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Eu podia nomeá-la de diversas maneiras. Amiga, meretriz, mãe, filha, santa e pecadora, porque ela era todos e nenhum, era linda como os céus e quente como as profundezas do inferno. Era amável, selvagem, viva e livre como a brisa suave que nos agracia, mas era breve.

Ela estava viva há mil anos. Mas vivera apenas dois ou três da forma mais leviana e livre que pode. Com um sorriso misterioso, os lábios vermelhos com gosto de cereja.

E agora... Ela estava livre.

Perfeitamente livre das nossas amarras, das mentiras de olhos grandes e dos rótulos impossíveis.

Era meu demônio, aquela mulher.

O demônio de lábios cor de cereja, de carne macia e voz doce.

Eu a amava, mas para ela... Eu não era mais do que um passatempo. Um desvio de seu verdadeiro caminho.

Deveria saber disso, afinal... Ela era linda demais para se aquietar na minha presença, em meus braços... Com meus beijos lentos demais e minhas palavras bobas românticas. A verdade é que... Meu azul não foi o suficiente para seu vermelho cereja.

Mas ainda sim... Dou-me ao luxo de amá-la uma vez mais.

Vermelho CerejaOnde histórias criam vida. Descubra agora