capa

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desde pequena, lia sonha com montanhas enorme de adrenalina, vilões invencíveis e máscaras cintilantes sob a cidade. ela via na tv, no noticiário, no cinema, através da janela da cozinha, todos aqueles heróis solidários, salvando a cidade do perigo.

ela se lembra da sensação avassaladora do orgulho e da proteção florear em seu peito. ela imagina derrotando a maldade com um sopro, nunca precisando do vendaval. idealiza o poderes que teria, a força nas mãos e o dever no coração.

lia sonha alto, tão alto quanto sua capacidade promissora. ela guarda todas as fitas cassete favoritas, escolhe o tecido perfeito para o uniforme, se empertiga e se anima com a possibilidade de ser tão boa quanto eles sempre foram, mesmo falhando no caminho.

seus sonhos atravessam toda a extensão expectadora do que ela podia ser, mas assim que seus olhos se abrem e a cidade pega fogo diante deles, lia sabe que a estúpida capa que costurou para si mesma vai puxá-la na direção do desastre.

lia triturada e fraturada. e, mesmo assim, será que ela sairia no jornal do dia seguinte? eles sempre apreciam muito mais as tragédias.

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