Jaemin esticou o braço para o lado direito da cama antes mesmo de abrir os olhos. Sentiu algo macio e peludo e sorriu ao abrir os olhos e encontrar um cachorro branco enrolado nas cobertas ao seu lado.
— Bom dia... – Disse, se sentando e esticando os braços de forma preguiçosa. – Está com frio? Você passa muito tempo transformado nas estações mais frias. – Havia um certo tom de reclamação na voz do loiro, mas o cachorro apenas bufou, escondendo a cabeça embaixo do travesseiro.
Jaemin balançou a cabeça, jogando a coberta para o lado e vestindo suas pantufas preferidas. Foi em direção a cozinha, ponderando se devia ou não comprar algo para o café da manhã ao invés de cozinhar. Normalmente, faria algo sem pensar duas vezes, mas o barulho suave da chuva do lado de fora parecia sugar sua vontade de fazer qualquer coisa complicada demais. Havia um ótimo café próximo a seu apartamento, e talvez uma caminhada fizesse bem para sua disposição.
Voltou para o quarto após beber um pouco de água, colocando roupas quentes e aconchegantes, com uma capa de chuva cobrindo-as. Não era inverno ainda, mas o clima já havia esfriado bastante, o que deixava Jeno rabugento, devido sua sensibilidade ao frio. Esse continuava na cama, respirando profundamente, o pelo branco como a neve reluzindo a fraca luz da manhã. Jaemin aproximou-se dele sorrindo, passando a mão levemente em forma de carinho pelas costas do animal, antes de cobri-lo devidamente com o cobertor e deixar o quarto em direção a porta do apartamento.
*
Do lado de fora, a chuva era forte o bastante para fazer um barulho suave ao tocar o chão, mas nada que a capa de chuva não pudesse aguentar. Andou por alguns minutos observando as ruas surpreendentemente cheias. Pessoas andando para lá e para cá em suas vidas corridas, que não faziam ideia que havia muito mais no mundo do que seus olhos trouxas permitia-los ver.
Pensou em como havia sido estranho sair do mundo repleto de magia no qual foi criado para viver entre os trouxas com o namorado. Não se arrependia nem nada, mas o período de adaptação havia exigido mais dele do que esperava. Felizmente, com a ajuda de Jeno e de seus amigos, agora conseguia encarar tudo com mais facilidade, e não sentia mais tanta falta do seu antigo mundo.
O sininho o acordou de seus devaneios, e ele percebeu que já se encontrava em frente ao café, o cheiro de café recém feito o envolvendo mesmo antes de entrar no local. Café era algo que ele havia amado desde o primeiro contato, quando Jeno o levou em um encontro na lanchonete mais próxima de sua casa, no primeiro natal que eles passaram como um casal, e o moreno o convenceu a ficar com sua família. Desde então, era uma necessidade diária.
Entrou rapidamente, sacudindo o corpo para se livrar das gotas de chuva em sua capa. Pendurou-a em um cabide próximo, andando lentamente pela vitrine e escolhendo de tudo um pouco. Amava doces, e sabia que isso animaria o namorado.
— Alguma bebida, senhor? – A moça que anotava seu pedido perguntou, olhando para suas roupas por apenas alguns segundos a mais que o necessário. Jaemin sabia que se vestia de modo "extravagante" (era o que Renjun dizia, sempre colocando roupas discretas de trouxa quando ia visita-los, para "se misturar"), mas era algo que fazia parte de sua identidade, e Jeno dizia que gostava, então pra que se dar ao trabalho de mudar?
— Um latte e um iced americano.
— Quantos shots em cada?
— Um no latte, quatro no americano.
A mulher parou de anotar por um segundo, olhando para ele como se tivesse escutado errado. Quando percebeu que esse não era o caso, pareceu levemente escandalizada, mas não disse nada, apenas colocando o pedido no local certo e mandando que o rapaz a sua frente aguardasse em uma mesa.