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O corredor estava vazio com exceção do vulto que acabara de entrar no elevador, lembro de ter gritado para que segurasse, afinal os elevadores daquele prédio sempre foram demorados.

— Obrigado. – Eu disse assim que entrei naquele cubículo que se tornaria uma linda lembrança.

— Magina. – Sua voz era suave, mas firme, confiante. Mas a mulher de cabelos colorido, apenas continuou digitando no celular enquanto sorria minimamente para aquela tela.

Eu continuei a olhando de relance, algo me chamou a atenção, talvez o longo cabelo de um tom de azul mesclado à outra cor que não saberia dizer qual era, ou o vestido que aparentava ter saído dos anos oitenta.

Não deu tempo para que chegasse a alguma conclusão as luzes começaram a piscar e o elevador deu um tranco, dois e parou. Foi nesse instante entre o apagar e acender das luzes que nossos olhares se encontraram e identificaram um o outro, esse olhar ficou estampado em minha mente como se já tivesse o visto antes.

— Você está bem? – Perguntei quebrando aquela conexão.

— Acho, que sim. – Ela disse, agora assustada, agarrada ao apoio do elevador. As luzes desligaram. - Que merda é essa? – Ela disse meio falha. – Sou muito nova para morrer em um elevador. – Meu riso escapou com essa frase dela.

— Não vamos morrer, é só um probleminha, logo volta a funcionar.

— Nos filmes sempre da ruim.

— Ainda bem que não estamos em um.

— Você não sabe, vai que somos personagens? – Que coisa mais aleatória. – De um filme, livro, animação.

— Mas o final vai depender do gênero, só espero que não seja ação, porque ai sim, estamos ferrados. – Ela ri, gargalha com gosto e eu acompanho, pois é impossível não o fazer.

— Maria. – Ela diz estendendo uma das mãos enquanto a outra continua firmemente agarrada ao apoio.

— Han. - Respondo aceitando seu aperto de mão. – Porque tem medo de elevadores?

— Estamos longe do chão e eu não estou controlando esse trambolho, isso assusta qualquer um.

— Então tem medo de estar fora do controle.

— Talvez. – Ela da de ombros, ainda segurando no apoio. – Não era para ter um meio de falar com a segurança em casos assim?

— Sim, mas pelo que conheço desse lugar, é quase impossível estar funcionando. – Pego meu celular e mando mensagem para meu tio avisar a manutenção. – Meu tio vai avisar o pessoal para tirar a gente daqui.

— Ai, que alivio.

— Será que demora?

— Vamos torcer para que não.

— Você não é daqui é? – Os olhos castanhos meios assustados ainda me fitam como se fosse mergulhar em minha alma e destrinchar todos os meus segredos.

— Não, meu tio mora aqui, vim visitar durante as férias.

— Hum. É de onde?

— Seul, Coreia e você? - vejo a surpresa dela e o "dar de ombros".

— Sou daqui mesmo. - Seu olhar vaga pelo ambiente que estamos, ela ainda parece assustada. - Está voltando para a coreia? - Fala apontando a mala.

— Sim, as férias estão acabando.

— Uma pena.

— Sim, ehhh, vamos assistir algo? – Pergunto sentando no chão e estendendo a mão para ela, foi a única coisa que consegui pensar para distraí-la, já que ainda aparentava estar um pouco angustiada.

Maria aceitou meu convite, sentou a meu lado e pegou um dos lados do fone, mas sem largar minha mão, o que dificultou escolher algo para assistirmos.

— O que quer ver? – perguntou entrelaçando os dedos nos meus e eu dizendo que para mim que é só por causa do medo, enquanto meu lado romântico de carteirinha já planejava não terminar em apenas um mero dia preso no elevador.

— Tenho algumas novelas coreanas baixadas, pode escolher.

— Essa aqui parece ser legal.

— Pode ser.

O tempo passou voando já estamos no terceiro episodio, a uma hora recebemos a mensagem que estão tentando nos tirar daqui, confesso que não importo em ficar mais um tempo aqui e que vou ter que assistir essa novela de novo pois minha atenção ficou mais na moça que ainda segura minha mão do que na tela do celular.

Maria fala sozinha enquanto assisti, briga com os personagens, acho que até esqueceu onde está, cada reação dela me encanta. O que ta acontecendo aqui? Obrigo-me por um momento a voltar minha atenção para a tela.

Um dos casais está conversando sobre a relação, a mulher tentando mandar ele embora e ele contra argumentando.


"Ninguém pode definir como um relacionamento deve começar, porque não há começo certo ou errado." (busque:WWW)


Não resisto a olhar para Maria depois de ouvir essa frase e a encontro me olhando da mesma forma, tanto eu quanto ela sorrimos um para o outro. A aproximação é automática.

— Acho que perdemos um trecho do episodio.

— Hum.

Volto até a cena que nos tirou do foco, ou melhor nos colocou em um melhor. Mas os barulhos do lado de fora nos toma a atenção e vemos a porta começar a abrir. Poderiam ter demorado um pouco mais, quem aqui está com pressa, eu não.

E foi assim que eu perdi o voo, ela o passeio, mas ganhamos o contato um do outro. Uma linda surpresa em uma manhã que escapou de nossas mãos e se fez longe de nosso controle.

Um professor de literatura coreana e uma aspirante a artista, no primeiro olhar, em um elevador qualquer de um prédio qualquer, em uma manhã nublada em São Paulo foi que escrevemos entre risadas e uma história assistida nossa primeira página.

Um professor de literatura coreana e uma aspirante a artista, no primeiro olhar, em um elevador qualquer de um prédio qualquer, em uma manhã nublada em São Paulo foi que escrevemos entre risadas e uma história assistida nossa primeira página

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Nota dessa autora perdida:

Espero que tenham gostado desse conto, me contem ai o que acharam. 

Obrigada por me acompanharem, terem paciência.


***Recadinho: Estou sem acessar as redes pois meu celular deu pane, as únicas que tenho acesso são Twitter e Wattpad. Se tentaram contato comigo, mas não respondi, é isso. ***


Beijinhos.

Nath

Primeira Página - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora