O escravo por trás do poema

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O escravo por trás do poema:

Aqui estou eu, o desgraçado,
O amaldiçoado,
Destinado,
A ser este personagem fictício.
Estou preso neste hospício.
Não consigo sair destes poemas!
A minha liberdade está cada vez mais pequena.
A minha vida é uma mentira!
Este autor tem-me na sua mira.
Toda a minha existência por ele foi traçada.
Não tenho controlo sobre nada!
Sou como uma marioneta presa a estes cordelinhos.
Estou farto deste destino!
E eu fico contente por cada fã que ganho,
Mas os louros vão sempre para o mestre e nunca para o escravo.
Não quero ser arrogante,
Mas cada segundo, cada instante,
Tudo oq vivi, vivo e viverei foi ou será escrito.
Não tenho livre-arbítrio!
Oh meu autor porque me criaste?!
Porque me fazes sofrer?!
Oh meu autor porque me amaldiçoaste?!
Porque não posso eu viver?!
E há quem ainda pense, que eu e esse meu criador temos a mesma identidade.
Quem me dera, ter esse cheirinho de liberdade.
A minha vida podia ser má, podia ser horrível, podia ser a pior.
Mas ao menos era eu que a estava a viver e não um ser que se acha superior.
De poema em poema eu lá salto,
Me vejo acorrentado a este "palco"!
O leitor inicia e finaliza a obra,
Com tempo de sobra,
Mas para mim,
Não funciona assim.
Eles vêm e vão,
Saem e entrão.
Eles estão só de passagem mas eu estou aqui para sempre,
Triste ou contente,
Estou presente.
Sou eu quem tem que ser,
O que vocês estão a ler.
O que parece ser fácil!
Mas com o tempo consome-me e deixa- me mais frágil!
Isto é a minha vida, é tudo oq eu sei fazer,
Chorar e lamentar-me de todas as injustiças que o poeta me faz viver.
Então cada vez que entrarem aqui e forem ler estas rimas,
Deem graças por estarem a lê-las por vontade própria e não porque alguém vos obriga.
E mais importante ainda,
Não preciso que mostrem apoio ou pena,
Mas ao menos lembrem-se de quem é que é "O escravo por trás do poema"!

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