Gastando dinheiro e pagando os pecados.

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De pé na cozinha, Gine listava, cheia de autoridade, a lista de compras do Natal para Bardock:

– Bacalhau. Dois quilos.

– Dois quilos, tchutchuquinha Tem certeza Já viu para quanto tá o quilo do bacalhau?

– Ah, pronto, agora vai regular? Dois quilos é para eu fazer um MILAGRE, porque além do bacalhau, seus filhos, o imprestável e o reclamão, ainda ficam pedindo "ain, mãe, tem bacalhau mas não tem bolinho?"

– Eu compro a massa de bolinho pronta, então, pode ser? Menos trabalho para você...

– Tá, mas quero meus dois quilos de bacalhau, e do bom, não me aparece aqui com bacalhau ling não!

Bardock suspirou. Um dos motivos dele implicar tanto com o bacalhau era que a pessoa que mais comia bacalhau na casa era a sogra. Gine então completou:

– Não esquece o azeite e as azeitonas!

– Azeitona? Amor, eu detesto azeitona!

– Problema seu, tira da comida. Azeitona é fácil de catar, pior é aquela maionese com maçã, que a tua amiguinha que graças a Deus esse ano não vai por O PÉ na minha casa cisma de trazer só para me irritar!

– Tá, eu compro a azeitona, as passas, as nozes...

– Misericórdia. Vamos à falência. E tudo por sua culpa. Eu te disse, só a gente, mas o seu Bardock, com fogo no rabo tinha que chamar mais gente... mais 4 pessoas. Vai ser o bonde do Corona!

– Sete – disse Bardock, em voz baixa.

Gine parou de repente, como quem percebe algo fora de lugar e disse:

– Como é que é? Sete o quê?

– Sete pessoas.

– SE-TE PES-SOAS???? – Gine berrou, separando as sílabas como fazia quando estava muito indignada. – de que buraco saíram as outras três, pode me explicar?

– Bom... é que o Naruto sempre passa o Natal com um irmão...

– Irmão?

– É, quer dizer, de consideração.

– Sei. E deixa eu advinhar. É casado, tem um filho.

– Filha. De treze anos.

– Super boazinha, um anjinho, sei. – disse Gine, já se sentindo irritada.

– Mas tem uma coisa: a esposa desse rapaz é uma médica.

Gine encarou Bardock, petrificada.

– Médica? – ela perguntou, estarrecida.

– Sim, acho que cirurgiã. Alguma coisa assim... – na verdade Bardock estava chutando, ele não fazia a menor ideia de qual era a especialidade da esposa de Sassuke.

– Ai, Bardock, será que ela vai reparar na nossa casa?

– Que isso, nossa casa é simples mas é legal.

– Ai, sei lá, uma MÉDICA disse Gine, enfatizando a palavra.

Gine tinha uma enorme admiração e fascínio por médicos, desde criança. Ela achava que quando recebia um médico em casa era mais ou menos como receber uma autoridade, e por anos acalentara o sonho de ter um filho médico. O horrível desempenho dos dois filhos no Enem tinha frustrado seu sonho, embora todo ano Raditz dissesse que estava para começar a faculdade de administração "numa particular mesmo". Mas se uma médica ia visitar sua casa, Gine acreditava que tinha a obrigação de impressioná-la.

Então, é Natal! (Vida de Pobre no Natal)Onde histórias criam vida. Descubra agora