Abril 25 Joseph St. Clinton
Quando passo a folhear novamente, os documentos rasgados e já um tanto degradados, em tal instante momento me lembro lucidamente, pois não é sobre papéis escritos por pessoas, e sim lembranças entalhadas por dor e sofrimento. Ainda sinto mesmo após todos estes anos afora, uma crescente angustia que aparenta não ter fim, agradeço a um ser que desconheço, mas que age com uma incoerência um tanto sábia para conosco, que não aiamos de compreender, ainda assim me ouso a rezar para esquecer de tal cenário macabro que me viera, por meio do acaso testemunhar e contudo nunca compreender, mesmo não tão velho, agora no final de minha vida espero expressar e revelar o mito. Como pode um ser majestoso não existir, quando, como humano a toca do diabo eu viera a descobrir, continuo, pechincho naquilo que eu vi. Na sombra da noite, o preto engoliu o escuro sombrio, como uma penumbra sem que avesse um raio de luz, transgredindo ao, que aos mortais, não os era permitido. Talvez eu esteja poetizando mais que o devido, portanto serei literal quanto toda a história, com arranjos, documentos e pensamentos que de mim não vieram, mas sangrando eu os recebi. Antes de começar devidamente posicionei uma corda sobre o meu pescoço, certamente me traz tranquilidade mas com o tempo vão perceber o real motivo de tal paz interior.
Janeiro 13 Thomas Derek
Fazia tempo cujo meu desejo era negado, um simples caderno de anotações, onde ali traçaria em folhas ate então inúteis e vazias, tinta fresca e compaixão, consegui tal algo fútil, mas este tão pouco me era contestado a tempos devo de repetir indignação sem precedentes pois se repetia sem mesmo uma explicação. Palavras davam significado ao branco solitário do papel, minha vida, tua vida e a de tantos outros após a morte se atermam em pleno esquecimento. A escrita seria uma forma de coexistir, ainda que enterrado em meio aos vermes e a terra, seria entretanto a oportunidade de expressar tal visão de mundo que a mim era contemplado por alguém cujo poder celestial não me era imaginável. Como em castigos na capela, os sons celestes cantados por pobres almas carnais, suas doces vozes parecidas com anjos caídos pedindo redenção ao seu nobre deus eterno. Quando paro e penso sobre tal nobreza, tal desconhecido sobre os ventos litorais, o som do silêncio não parece tão quieto, o som da vida em sua plenitude, também, louvando tal deus a sua maneira peculiar.
Estranho pensar assim, logo mais estarei em uma ilha, e de todos os lugares onde rondei, nenhum se adaptara a minha personalidade, quero dizer, ouve um lugar, se chamava Londres, o clima me agradava, porém esta viagem foi um tanto estranha se pareceu mais com um sonho, do que propriamente dizendo, a própria "realidade" no qual durou dois dias e se passaram meses. Talvez essa seria uma triste mensagem de que não aproveitei o suficiente, o tempo não para de andar, o tempo é meu pior inimigo mesmo eu não o vendo. Enfim sempre me imaginei com dois amigos, em minha mente era como um refúgio para a triste e incoerente realidade caótica a volta de meu ser. Estamos chegando em um porto um tanto sombrio, velho e com muita névoa, o sol já não era uma testemunha dos marujos, que ali, haviam de o carvão queimar e a lua não mais a guiar, o capitão que esta a velejar, somente as trevas que teimavam em perdurar. O dia estava a se entenebrecer, no entanto o clima me fazia a recordar, do passado e do entalho, que no passado me deferi, em tal corpo frio e traumatizado. O frio me iluminou em devaneios, lembrando me de antigos pensamentos que deveria enfim esquecer, tanta sombra e poesia... o calafrio que me sucedia me impunha a beleza e agonia, diante a essa imensidão, pus o papel em lugar qualquer, e parei de escrever para que com os olhos eu possa ver e não só anotar, pois a vida estava a voar e quem dera a mim, que só pudera a caminhar.
Janeiro 13 Ethan Derek
Teimei em pensar sobre ela, que estava agora já tão distante, mesmo rodeado de tanto mar, onde os horizontes a água encobriu, senti ela sobre os ventos e voltei a me perguntar, como pode isso sobre meu manto acontecer. Mandei que o barco parasse, para que pudesse mergulhar em águas profundas, sobre o frio, e agora também em mim, os cortes de arrependimento, procurei la no fundo, me purificar com o sal fino que as ondas estavam a levar, um ato tolo, que só a mim significava, pois algo grande se encontraria sobre meus ombros, e pulso forte eu avia de ter.
Retomamos nossa rota, e um marujo teimava em me olhar, eu ali, seminu e congelado, branco e pálido como a neve, - Ei, capacho, oque fazes me olhando, não tens trabalho o suficiente – perguntei o com a voz rouca
– Me desculpe senhor, eu não quis lhe ofender, eu só, eu só não sei como aguentas tamanho frio, eu pouco consigo em frente a fornalha, o frio é pior que a própria morte – seus dentes tremiam expressando a sinceridade, porém uma petulante pergunta – ainda mais cheio de feridas, pulaste na água salgada
– nesse frio eu devo ser assim então, a própria morte você não acha? Não tema a morte assim, ainda mais você ai com o resto de sua corja e suas vidas miseráveis, que estão aqui para me servir não se esqueça disso, ha tantas pessoas que preferem o frio a fornalha ardente, pessoas como você... talvez um dia eu o leve ate eles, eu vou me lembrar de você.
Alto lá, quem vem ai? - o guarda do cais os questiona
– saia da frente, não vê o fundador idiota, vamos e me ajude com as tralhas do nosso senhor
– perdoe minha insolente pergunta Ethan o fundador, com toda essa neblina pode ser qualquer um a chegar
– me poupe dessa conversa fiada e me conte como estão os negócios, não vim ate aqui para importunos, e me traga uma roupa quente, a minha se congelou como o ar dessa neblina.
Os escravos continuavam a chegar, para trabalhar, serem torturados e também mortos pela noite da caça um jogo que era o entretenimento dos ricos. Barões e os lideres do Klan vieram de todas as partes, a verdadeira elite estava por inteiro na ilha, uma completa copia de Londres, mas não liderado por uma rainha e sim por racistas assassinos.
Arte de capa foi feita por Alan Marson da Black forge art studio no youtube
VOCÊ ESTÁ LENDO
Penumbra e transgressão
Mystery / ThrillerUma distopia que se passa na era Vitoriana