O leitor que caminha por uma livraria (em qualquer lugar do mundo), talvez nem imagine que, quando segura um livro, tem nas mãos mais do que uma história contada. Para que aquele lindo objeto - cheirando a novo! - chegasse até as prateleiras comerciais foi preciso muito esforço. Escrever um livro é correr uma maratona. Muito suor e lágrimas, horas solitárias e infindáveis de treino, num repetitivo desfiar de ações: escrever, ler, rasgar, prosseguir. Acrescente aí o fato de que o escritor permanece em estado gestacional por meses a fio, quiça anos, esperando o momento exato de dar à luz. E, ao contrário do que muitos pensam, a inspiração não desce dos céus. Ela tem de brotar de dentro, como semente que deita em solo fértil e decide crescer e aparecer.
Acontece que, às vezes, uma ideia sensacional teima em não querer se enquadrar nas medidas de uma folha. Num rasgo de capricho, aquela história está decidida a não facilitar! Lá está o escritor, misto de Hércules, talhando-a com carinho paciente, escolhendo palavras como quem escolhe flores para amada. Mesmo assim, a receita pode desandar como se fosse um belo suflê que murchou sem aviso prévio.
Um escritor é um trabalhador braçal, não duvide. Um ser tomado por paixões, arrebatado pela estranha e insistente necessidade de transportar o que observa para o interior de páginas em branco. Um escritor é um catador de sonhos, um colecionador de emoções à serviço da memória - própria e alheia.
O leitor que caminha por uma livraria (em qualquer lugar do mundo), quando segura um livro, carrega também consigo a Humanidade.
Feliz dia do escritor! ✊❤