Sou aquela menina que dança no Farol da Barra, sou o viajante que anda devagar porque não tem pressa, sou garoto moreno da praia de Copacabana, sou mulher cinzenta que habita as torres de castelo.

No teatro do tempo sou artista que dança, na corda bamba sou Elis, sou Gabriela, Maria Machadão, Sou Tieta, sou do mais eu sou do bem mais.

Sou aquele que escreve pra te fazer pensar, sorrir e esquecer, sou aquele que chora com a dor e se alegra com o amor, mesmo sendo aquele nunca foi amado.

Amado? Esse era o Jorge, pai de Capitú, Amante de Teresa Cristina, hoje já cansada de guerra, seria eu? Sou Clarice, sou Pessoa, sou Patativa, sou de Moraes e de Assis.

Sou seu maior medo e seu maior desejo, sou aquele que porta p que você mais quer e o que você irá enjoar, sou criança e não aprendi a amar, sou poeta dos quartos.

Sou aquele que não chega arrasando, mas sai deixando saudade, sou aquele de olhos castanhos, cabelos indefinidos, pele preta e alma colorida.

Sou Elza, sou guerreira do mangue, sou da Vila Matilde, sou aquele que já abusaram, sou cantora, sou voz preta, sou militante, sou Soares.

Sou aquela que dorme fazendo perguntas, questionando o destino, cantando Respostas ao Tempo de Nana Caymmi.

Sou samba, sou raiz, sou Funk, sou pop, sou Soul, sou drag, sou trans, sou o Grito das quebradas, sou o som do gueto.

Eu sou um menino, carioca, de Madureira, sou da azul e branco. Sou alguém que em tempo não teria vivido nada, mas já passou por tudo, sou aquele que carrega o que você preciso ouvir, sou o ser em si, eu sou o rascunho mais bruto do canceriano, eu sou alguém se buscar ser alguém todos os dias, sou aquele que já perdeu muito e que sonha pra não dormir.

Eu sou aquilo tudo que eu disse que Sou, mas talvez eu não seja nada do que acho que sou, só tenho certeza que sou alguém nesse mundo em que muitas pessoas não sabem quem sou. Sou alguém que um dia nasceu e um dia irá morrer.

Sou Bobby Elliot, respeite minha trajetória.