Tenho 23 anos - pelo menos deveria ter, se os meses que passei na barriga da minha querida mãe contassem; ou talvez eu tenha mesmo o dobro disso e tenha me esquecido da contagem dos meus séculos. Como é difícil escrever há tanto tempo - mal faz um ano, mas às vezes parece um século (será que é?). Se for o caso, deve fazer (o tempo é sujeito? Ele faz o tempo passar mesmo ou é coisa que o brasileiro inventou?, já que não tem tempo pra nada, e se tem, o tempo que se faça por si só) uns bons meios séculos que esqueço meu café da manhã na geladeira em vez de trazer pro trabalho. Se bem me lembro bem (quem liga pra pleonasmo, a esta altura?) cismei de escrever aos 22; não faz muito tempo, é verdade. A menos que seja aos 22 do século XX, quando Clarice ainda não sabia escrever, esta de quem gosto tanto que parece ser até parte minha, tanto que Caio Fernando Abreu e eu tivemos uma amizade inesquecível - da qual ele nunca soube -, tanto quanto acho o King o máximo. Se ele fosse duas vidas mais novo e três quartos de Cauâ Reymond mais bonito, talvez eu escrevesse um e-mail oferecendo uma felação. Droga. Acho que hoje esqueci meu café em casa de novo, chega a ser mania. Às vezes sinto que faço de propósito, coisa do inconsciente, vai saber. Deve ser tipo pra poder dizer que tenho algo só meu. Que mediocridade: ser desinteressante a ponto de se vangloriar por ser alguém que sempre esquece o jantar quando sai de casa (ou era almoço?), e que acha digno escrever sobre isso. Eu também ilustro, aliás. Aprendi com os renascentistas, o próprio Da Vinci me ensinou a desenhar mãos, mas infelizmente o tempo foi tão cruel com minha memória que não lembro de mais nada. Às vezes danço, porém só quando quero (não contem pro meu ex). Às vezes morro também, mas não vamos apressar as coisas. Sejam bem-vindos.
- JoinedJanuary 3, 2022
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