Sou um embusteiro. Sim, e o sou sem vergonha de sê-lo. Minto descaradamente a cada texto. Invento, crio, reciclo e, entre uma mentira e outra, talvez escape uma verdadezinha, destas bem pequeninas. Não sou de fazer confissões sinceras, sou mais da artimanha, do truque, da astúcia e do ardil. Na falsidade daquilo que digo, se encontra uma concepção clara da realidade.
 
Sou um viajante. Sim. Mesmo sem nunca ter atravessado as fronteiras de meu país e de muito pouco ter deixado minha cidade natal no decorrer de toda uma vida. O que me torna um cidadão do mundo são as experiências que vivencio por meio dos livros: Personagens e paisagens que me enchem os olhos da alma daquilo jamais experimentado pelos físicos. E, por mais que eu viaje, sinto que ainda há muito a ser desbravado. Por isso, mantenho as velas abertas e o leme à deriva. 
 
Eu não vim aqui para teorizar nada, mas para jogar conversa fora. Deixe-me rir, como se estivéssemos na sala de casa, você e eu. Dentre um gole e outro de vinho, distraídos, relaxados, esconderemos escritos em garrafas vazias e as atiraremos às brancas e puras espumas do mar... Ou da folha em branco.