Escrevi por três anos. Três longos anos costurando palavras com esperança nos olhos e sangue nos dedos. Experimentei de tudo - infantojuvenil, poesia, romance - como quem tenta diferentes curativos para uma ferida que nunca cicatriza. Ultimamente, mergulhei no dark romance, talvez porque era o único gênero que combinava com o que restou de mim.
Mas quanto mais eu escrevia, mais distante ficava daquilo que um dia chamei de sonho. O brilho foi sumindo. As páginas, antes cheias de vida, viraram só ruído. Me desafiei, sim. Me reinventei, tantas vezes que já nem sei mais quem sou nessa bagunça.
Mas escrever começou a doer.
Não doía antes. Agora tudo pesa. A caneta, a página em branco, até meu nome parece estranho quando o coloco embaixo de algum texto. Me desafiei tanto que me parti em pedaços. Fui me moldando a estilos, a expectativas, a versões de mim mesma que eu mal reconhecia.
Hoje, as palavras ainda vêm... mas não gritam mais. Só sussurram. Fracas. Cansadas. Como eu.
A escrita, que um dia foi abrigo, virou cobrança. Pressão. Solidão. Cada ponto final é um lembrete de que nada volta. Que nenhum final é realmente feliz.
Tentei. Juro que tentei.
Mas estou cansada.
Do som da tecla. Do eco do vazio. Da luta constante com um talento que parece me rejeitar toda vez que tento usá-lo.
Então, por enquanto, eu paro.
Não porque quero. Mas porque preciso.
Se alguém perguntar...
Estou temporariamente indisponível.
- JoinedOctober 1, 2022
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