@FabulaPia
Diário de um leitor| 07:
-Ó mundo, eu me rendi...
Lutei contra vós, mas voltei...
Disse que não queria vê-lo e o vi...
Onde está minha casa?
Levastes embora o lugar a que eu pertencia...
Primeiro roubastes meus laços...
Depois me enlaçastes...
Se em meu tesouro está o meu coração...
Onde está meu coração quando roubastes meu ouro?
Diário de um leitor| 06:
-Ó mundo, tentei me desvencilhar de vós...
Como sois sedutor...
Meu tempo que passei sem você...
O que deveria fazer?
Foi tu quem me enganastes!
Eu perdi o meu ouro...
Lamentando as moedas perdidas...
Mesmo longe de ti, estava acorrentado a vossas correntes...
Ó doce veneno...
Diário de um leitor| 05:
-Ó mundo...
Não pude ficar sem você!
Como poderia esquecer?
A água fresca que me destes de beber...
Me deixastes só...
Largado ao deserto...
Despojado de minhas vestes...
Meu ouro, parte se foi!
Vossa água viciosa...
Quereis levar toda minha riqueza!
Vais me deixar sem nada, ó mundo?
Me darás água do mar para matar a minha sede?
Diário de um leitor| 04:
-Não me recordo...
Desde quando passei a evitar seu fim, ó mundo?
Uma imagem se embaça...
Centenas de visões surgem para tomar seu lugar...
Há quanto tempo já não vejo um final...
Tornei-me como um andarilho perdido...
Vagando entre mundos, sem pertencer a lugar nenhum...
Diário de um leitor| 03:
-Ó mundo, acabastes em um final feliz...
Eu deveria sorrir? Ó sim, deveria...
Mas, porquê? Porquê não consigo?
Tu, era eu...
Mas eu era apenas eu, quando levastes contigo para longe esse final feliz...
Quando me vi sozinho, sem nada...
Só me restou a solidão e as lembranças do passado...
Diário de um leitor| 02:
-Ó mundo...
Que bons momentos passamos juntos!
Quando tu sorria, eu sorria...
Quando tu choravas, eu chorava junto...
Tu, era eu...
Ora fui rei, ora fui nobre...
Ora como um deus, ora como um mortal...
Mas no fim, era apenas eu...
Mergulhado em sonhos, dos quais não queria mais acordar!
Diário de um leitor| 01:
-Eu me lembro, a primeira vez que te conheci... Ó mundo que me entregou tudo o que desejei!
(...)
No começo foi difícil, vossa maçaneta emperrada... Era uma porta difícil de se abrir! Mas logo me acostumei... Só não o sabia, a doce armadilha em que entrava...
A escrita é muito mais que simples palavras, é uma porta, resta ao escritor explorar o que há além dela. O que ele encontrará, que porta há de abrir? Rezemos para que não o abra, a caixa de Pandora...