- Sou uma sombra! Venho de outras eras... 
- Para, porra! Isso é o Monólogo de uma sombra, do Augusto dos Anjos. 
- Tá bom... As ordens da madrugada... 
- Puta que o pariu! Você não vai parar de plagiar? Diga quem é você, de verdade.
- Mas não sei me expressar bem. 
- Tenta. 
- Ok. Meu nome é... 
- Não! Quero conteúdo, não dados pessoais. 
- Bem... é... Sou um produto do meio, da criação; de tudo que vi e senti nessa vida. Como colocar quem eu sou em palavras? Pessoas que convivem comigo é que deveriam escrever algo aqui. 
- Pessoas conhecem seu final, não os meios. 
- Tá. Mas, sério: como escrever algo sobre mim? Não quero fazer futurologia, presente e futuro são apenas previsões. O certo é falar do que conheço, meu passado. O cheiro do mato numa manhã de inverno infantil, os primeiros beijos, amores,  brigas. Os tão esperados fins de semana. Eu sou minhas lembranças... 
- Como você é suas lembranças? O futuro não começou em 7 de setembro de 74? 
- Você não me deixou terminar. Sou minhas lembranças e atos,  bons e ruins. Eles me definem, pavimentaram meu caminho até aqui. São forças e fraquezas sobre a qual, eu e qualquer ser humano se equilibram. 
- Qual é, filósofo de fundo de quintal!? Para com essa porra e responde claramente quem você é! Quem você é?
-  Você quer que eu diga que sou feito de pó de estrelas? Que sou fruto de uma noite iluminada? Que  muitas vezes não pratico o que prego? Que tenho os pensamentos mais absurdos e mesmo assim sou gente boa?
- Gente boa!... 
- Tá, chega!, não quero discutir. Você venceu. Vou escrever seu tão desejado caminhão de clichês e... 
- Não é o que quero. Escreva algo brilhante, porra! 
- Ok!  Sou um diamante de não sei quantos quilates, não sei meu real valor. Na verdade, nem certeza de meu tamanho, tenho. Não sei ao certo como fui lapidado pela vida, mas sei de algo: ainda faltam muitas partes a serem lapidadas. Isso foi brilhante?
- De você, não esperava outra coisa.