Fábrica Santa Clara - 13 de outubro de 1970
O rosto do cientista estava tingido de um vermelho forte, reflexo das luzes, como um verniz pegajoso de sangue fresco. Seu olhar fixou-se nos corpos caídos no chão, agora imersos em sangue escuro.
Ele abriu a boca num arquejo mudo, as pupilas fixas na escuridão viscosa, e o corpo esqueceu-se de como se mover.
- O que fizemos - ele murmurou para si mesmo, suas mãos tremiam sem parar.
O murmúrio morreu na garganta quando um som raspou o silêncio. Não era o gotejar do sangue ou o som do metal, mas um ruído glutinoso, como carne fresca sendo arrastada por pedra. O cientista notou que as poças de sangue escuro no chão tremiam levemente, reagindo ao grave daquele som. Ele não ousava girar o corpo, apenas os olhos se deslocaram lentamente para a escuridão...
Um trecho da minha história Coisas Ocultas.