Era o que temia. A revolta do povo tornar-se insustentável, a revolta do povo esquivar do lago ordeiro da resignação, da passividade, a revolta do povo finalmente se livrar do sonífero chamado esperança, esperança de uma resolução pacífica de seus problemas, do consenso harmonioso, da sensatez imperante, essa esperança que encobre dose de covardia que é açoite da dignidade, destruidora de impulsos corajosos, da vontade genuína. Malditos milicos, suas barbaridades provocaram isso. Chico tentou avisar, conversar, em vão. Seu Marinho é pai de um feirante pacato e bem intencionado da Rua Sete que foi humilhado semana passada. Os soldados de Rafael pegaram o coitado, lhe tiraram a calça, o amarram no poste em frente a sua residência e ordenaram que as crianças presentes na rua, usando o cinto da própria peça de roupa arrancada, aplicassem cintadas no traseiro do homem. Tudo isso por causa de sessenta reais. Esse tipo de atitude prejudicava e muito o trabalho de passar confiança aos moradores, de assinalar diferenças positivas em relação a C.F. Por causa das crueldades dos milicianos a história da Novo Poder já tinha manchas medonhas.
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