Ontem, dia 20 de Novembro, foi celebrado o "Dia da consciência negra", um dia emblemático que simboliza uma luta de todos os dias de mais de 50% da população brasileira.
Uma população da qual eu me orgulho de pertencer. Que teve seus ancestrais arrancados de seu lar, de sua terra. Mortos aos montes, jogados no mar. Presos, por séculos a uma estrutura servil, cruel e sem direitos. Depois "libertos" e esquecidos, sem direito a indenização, casa ou projeto de socialização.
Uma população que até hoje é morta aos montes. Que todos os dias não passam de estatísticas na mídia. Um povo que não tem acesso nem ao conhecimento das próprias origens. Que foi e é marginalizado desde sempre. Um povo cuja pele, que brilha ao sol, reflete o esquecimento e a falta de oportunidades. Um povo que na verdade, nunca foi "minoria" em quantidade, mas minoria em direitos, em representatividade, em visibilidade.
Que através de minha escrita eu não me cale, que eu jamais caia na alienação e que eu nunca perca esta revolta. Refletindo-a sempre na sutileza das palavras escritas. Sou pequeno mas nunca estou sozinho, pois para gente como nós a família excede as quatro paredes de uma casa.
Escrevo por Marielle Franco, por João Pedro, por Cadu Barcellos, por George Floyd, por Miguel, por João Alberto, e por muitos outros que, todos os dias têm suas vozes caladas. Mas que de forma alguma se calarão, suas vozes ecoam e sempre ecoarão através das nossas, pois jamais nos calaremos.