Daqui a 100 anos, estaremos em 2125. Nós já estaremos enterrados, nossos filhos e netos também. Outras pessoas irão ocupar a casa onde crescemos, a casa que construímos com tanto amor, tijolo a tijolo, lembrança a lembrança. Nosso dinheiro, fruto de tanto suor e esforço, terá se dissipado como fumaça ao vento, perdido no turbilhão do tempo. As fotografias amareladas, guardadas em álbuns de couro desbotados, serão as únicas testemunhas de nossa existência, sussurrando histórias para estranhos que nunca nos conheceram.
Aquele jardim que cultivamos com tanto carinho, onde as rosas vermelhas floresciam exuberantes a cada primavera, estará diferente. Talvez coberto por uma vegetação selvagem e implacável, ou talvez transformado em algo completamente novo, adaptado às necessidades de uma geração que mal consegue imaginar o nosso mundo. As árvores que plantamos, testemunhas silenciosas de nossas alegrias e tristezas, talvez já tenham caído, suas madeiras apodrecidas retorcidas sob o peso dos anos.
A rua onde brincávamos crianças, onde rimos e choramos, estará diferente. Os carros voadores, que hoje só existem em nossos sonhos mais ousados, talvez sejam uma realidade comum, deslizando suavemente pelos ares acima das casas moderníssimas e imponentes. As crianças de 2125 brincarão em parques virtuais, interagindo com hologramas e realidades aumentadas, sem sequer imaginar o prazer simples de correr descalço sobre o asfalto quente de um dia de verão.
E nós? O que restará de nós? Nossos sonhos, nossos medos, nossas conquistas e fracassos, serão apenas ecos distantes, um sussurro no vento da história. No entanto, o legado que deixamos, seja ele grande ou pequeno, perdurará. As sementes que plantamos, as ideias que compartilhamos, o amor que oferecemos, tudo isso terá germinado e florescido de maneiras inimagináveis.
Talvez uma criança de 2125, ao tropeçar em um livro antigo e desgastado, encontre um poema nosso, um conto, uma simples carta de amor...