Dutch nunca amou Arthur como um pai deve amar um filho.
Dutch tem essa aura de líder carismático, quase messiânico (uma espécie de Jesus, só que do mau KKKK), mas por trás disso sempre existiu um homem profundamente egoísta, vaidoso e manipulador. Ele sabe ler as fraquezas dos outros e usá-las a seu favor. Ou seja, um manipulador expert.
Arthur foi “o alvo perfeito” porque era um garoto abandonado, faminto de pertencimento e de uma figura paterna — exatamente o que Dutch ofereceu. Só que essa "paternidade" nunca foi altruísta. Era utilitária ao seu favor, e apenas para isso. Usando o menino em seu momento mais sensível e vulnerável. A obediência quase cega quando jovem, a lealdade quase inabalável por anos e anos, a crença de que Dutch era uma espécie de farol moral não apenas para ele mas para toda gangue era algo que Dutch se deliciava.
Mas, quando Arthur começa a se perguntar se está no caminho certo, Dutch percebe que talvez já não tem mais o mesmo controle sobre ele. E é justamente aí que vejo como Dutch nunca amou Arthur como filho de verdade: porque amor exige aceitar, escutar, respeitar — e Dutch não aceita ser questionado.
No fundo, Dutch ama apenas a si mesmo e à própria ideia de grandeza que ele construiu por anos sendo líder da gangue Van Der Linde. Mas Dutch precisa acreditar que é especial, que tem um propósito maior — e precisa que os outros o alimentem com lealdade e admiração. Quando Arthur deixa de cumprir esse papel, Dutch o descarta como descartou tantos outros.
A diferença é que Arthur, por sua trajetória e crescimento, vê Dutch como pai até certo ponto — mas Dutch nunca viu Arthur como filho. Viu como instrumento sempre a sua disposição. Isso é tão triste, porque Arthur acreditou nesse vínculo por vinte anos, mas o “amor” de Dutch sempre foi condicional à utilidade.
Enfim, é isso. Eu precisava compartilhar meu pensamento noite de domingo com alguém e espero ter feito algum sentido, hehe.
Aliás, hater #1 do Dutch aqui.
