se te disser que choro de cada vez que choras, mesmo quando me calo e pareço ver-te ao longe,
és tão grande em mim que às vezes tenho de me distanciar para que possas caber, sabes?, dou dois passos atrás, olho-te mais distante, depois arranjo maneira de te trazer toda, e só então regresso,
o corpo pode ser elástico mas nunca como o tamanho interior que me deste desde que te conheci,
era pequeno, minúsculo, quase nada antes de ti,
ou mesmo nada, se as palavras existem têm de ser ditas, não é?,
se te disser que choro de cada vez que choras, dizia, deixas-me chorar contigo assim?, ficar calado à espera que passe, pedir às horas que te deixem parar,
posso abraçar-te quando me apetece fugir?,
agora quero sentar-me contigo à mesa,
gosto-te mais do que arroz, e esta?,
eu que como arroz com tudo,
gosto-te mais do que arroz, que tal isto como declaração de amor?,
se te disser que choro de cada vez que choro deixas de chorar, deixas?,
e deitas-te no exterior das lágrimas para chorarmos juntos,
e já agora nos amarmos,
pode ser?
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in "Queres casar comigo todos os dias, Bárbara?", o meu mais novo