Nasci em 1959, num agosto longínquo. A cidade era o Rio de Janeiro, a mais bela do Brasil. Era. Durante minha infância na bucólica Tijuca, estudando nos melhores colégios, aos poucos fui descobrindo o meu eu verdadeiro. As noites serviam de passagem para a minha verdadeira personalidade. Eu não sou daqui. Na verdade, sou de Maryland, Estados Unidos da América, onde morri pela última vez. E também de algum país da Europa, destes que já não existem de fato depois da Primeira Grande Guerra. Morri lutando, nos campos da Europa. E antes disso, bem, é assunto para outras histórias. Não sou mais o brasileiro que tantos amigos fez na juventude. Este ficou no passado. Hoje, vivo em uma cidade do interior que me furto em dizer qual, tentando continuar a minha descoberta sobre quem eu sou, quem eu fui e quem serei após a minha morte. E durante este processo, continuarei a escrever contos baseados nas minhas memórias, nos meus medos, nos mistérios da morte e no mais profundo labirinto de nossas almas.