Aoba bão...
Veleidade. Talvez seja essa a palavra — ou a sensação — que melhor traduz o que habita diariamente a minha mente.
Veleidade: o há de haver, o querer, o planejar, o conceber… mas nunca o iniciar.
É possuir o impulso em teoria, e nunca em prática.
É ter, projetado na consciência como um holograma, a potencialidade do feito — a obra pronta na mente, perfeita, concluída — mas jamais iniciada de fato.
É contemplar a visão de Deus sem jamais dobrar os joelhos para falar com Ele.
É ter todas as histórias vividas por dentro e nenhuma escrita no papel.
Essa veleidade é a promessa constante de possibilidade sem energia.
É sentir a necessidade, entender o mecanismo, ver a engrenagem inteira — mas não acionar o estopim.
E então, por falta desse fogo inicial, ficamos presos à lei da inércia: não vamos, apenas contemplamos o que poderíamos ter sido.
E isso pesa.
É tão cruel quanto a apatia:
querer ardentemente, mas não possuir a força motriz para realizar.
— Sett