Não deixei carta na areia,
não deixei trilha de migalhas.
Só fogo.
O barco atrás de mim virou cinza,
e no reflexo da chama
um sorriso nasceu — desses que não pedem desculpa.
Não é drama, é escolha:
seguir sem freio,
sem “e se”,
sem roteiro de volta.
O mar continua enorme,
o vento continua dono de si,
mas aqui dentro —
sou eu quem segura o leme.
Não espero calmaria,
nem barganho com tempestades.
Aceito o que não controlo,
abraço o que posso ser.
E sigo, com leveza de quem entendeu
que não há poder maior
do que estar inteiro na própria pele.
Queimei meu barco,
e ainda assim, sorrio:
porque às vezes só se chega ao futuro
quando não se deixa nenhuma ponte
amarrada ao passado.