Com as restrições impostas por nós aqui em casa e sendo o único que ando no exterior profissionalmente, temos que ter mais cuidado por causa das crianças.
Estou sozinho na minha casa, e os restantes na casa ao lado.
É complicado viver desta maneira, mas só assim consigo proteger quem mais amo.
A razão porque os capítulos não têm saído a tempo e a horas.
É estranho, quando estava habituado ao barulho e convívio da minha "grande família" e de repente, chego a uma casa vazia, deito-me sozinho e acordo sozinho.
Estão tão perto de mim e ao mesmo tempo tão longe. Vivem ao meu lado e não os posso tocar ou ser tocado.
Deixam-me as coisas feitas e preparadas e falamos entre a porta que temos de ligação entre casas que foi feita logo ao principio no meu quarto.
Converso sobre o meu dia e vejo-os no tablet via streaming. 50 centímetros (+ coisa - coisa) nos separam e parece-me um abismo.
Tenho saudades de os abraçar e de os beijar, sentir o calor dos seus corpos, das birras dos gémeos, das conversas com a minha filha, das brincadeiras com as minhas meninas e das ideias parvas com o meu companheiro que formulávamos sempre antes de pregar partidas nelas.
Eu estou habituado a este distanciamento com os outros e custa-me sempre, quando não estamos juntos. Mas sempre tive garantido com eles e agora, sinto-me só.
A minha esposa tem medo que a minha depressão volte novamente e os meus pensamentos mais escuros voltem a nos assombrar.
Eu digo sempre que não, para acalmar, mas às vezes, essas ideias vêm com força, e eu olho para as minhas lindezas (os meus filhos e filhas) e um sorriso volta à minha face.
É por eles que eu faço isto. É por eles que eu continuo a escrever o "nosso" diário.
É por amor a eles todos, que tenho que continuar e agradecer a todos as outras pessoas que fazem o mesmo, para que vírus não nos ganhe nesta luta.
Fiquem em casa se puderem, fiquem com os vossos e abracem-nos e acarinhem-nos, pois não sabemos o dia de amanhã.
Obrigado por lerem o meu desabafo.