Quero poder te contar sobre aquele dia. Saber te dizer o que está acontecendo. Falar que vi, ouvi, senti. E te convidar para testar essa vida comigo. Mas antes de continuar, tenho uma coisa para resolver. Não se sinta triste, não é com você, é comigo. É um conflito que venho tentando resolver há alguns anos e não saberia mensurar quantos anos ainda vai levar. Não há nada que você possa fazer para me ajudar. Só eu posso resolver. Venho aprendendo aos poucos como conviver pacificamente com minhas palavras.
São teimosas. Se escondem no fundo da garganta, pulam, quicam e se embolam mas são mais fortes do que eu, e voltam para as sombras das amidalas. Quando saem, vem aos montes, tropeçando no caminho esburacado das minhas sentenças mal construídas e superfaturadas.
Elas são temperamentais. Às vezes, acho que me irritam de propósito. Correm quando não posso segurá-las e somem quando lhes permito campo aberto. Acabam com meus nervos quando as chamo e não me respondem, como se eu não existisse. São geniosas, ciumentas e rancorosas. Tem palavra que faz até birra, bate o pé de que não vai sair. E não sai.
Muitos me perguntaram, inclusive eu mesma, porque as mantenho se parecem tão odiosas. Elas são minha maior responsabilidade. Como elas saem pelo mundo, o que fazem por aí, como se comportam, diz muito mais sobre mim do que sobre elas. Elas ainda são muito pequenas. Só terão maturidade quando eu souber falar a que vim, escrever o que penso e contar quem sou. Então, vamos começar.
- Rio de Janeiro
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