. céu azul .
"Ruth tava encostada na varanda, com uma taça na mão e o olhar perdido nas luzes da cidade. A festa fervia atrás dela, mas ela precisava respirar. Foi quando sentiu aquele perfume já familiar, aquele amadeirado que ela só sentia quando ele chegava perto.
— Fugindo da bagunça? — Gustavo encostou do lado, com o copo dele meio cheio de gin e um sorriso nos lábios.
— Fugindo da chance de me enroscar com alguém que vai sumir amanhã. — Ela respondeu sem virar o rosto.
Ele riu pelo nariz.
— Sempre tão intensa... até no tédio. Isso é tão você.
Ruth virou o rosto, encontrou os olhos dele já nela. Aquele olhar meio preguiçoso, meio safado, mas sempre com uma camada de mistério. Ele nunca dizia tudo. Ele deixava que você sentisse.
— E você? Tá fugindo do quê?
— Tô fugindo de mim. Porque se eu ficar perto demais de você, eu cometo uma burrada.
Ela riu, mas a garganta deu um nó.
— Que tipo de burrada?
Ele se aproximou só um pouco. O suficiente pra ela sentir a respiração dele na bochecha.
— Tipo... te beijar e acabar com essa pose de “só amigos”.
Ruth engoliu seco. Ele tava jogando charme, claro. Sempre jogava. Mas daquela vez... havia algo diferente. Não era brincadeira. Era desejo guardado.
— Você sempre flerta comigo, Gustavo. Mas nunca faz nada. — Ela sussurrou, quase desafiando.
Ele sorriu de lado, um sorriso torto e safado, como se aquilo fosse música.
— Porque você é o tipo de mulher que vale o tempo certo. E eu não vou ser só mais um que tentou.
O silêncio caiu por um instante. Ele se afastou só o suficiente pra quebrar a tensão, beber um gole do gin e voltar o olhar pra cidade.
— Mas se você me der um sinal, preta... Eu viro esse jogo todo."
para todos que sentem demais...