Abri os olhos, finalmente. Ja nao aguentava mais. Uma gota de suor escorria pela minha cara. Mais uma noite, mais um pesadelo, mais um grito. Hoje tal como nos outros dias acordei cansada, olhei pela janela e vi um rasgo de luz, esta sol. Vesti-me à pressa, é hora de tomar o pequeno almoco e as irmas do orfanato onde vivo nao gostam de atrasos.
Dirigia-me para o refeitorio quando uma das irmas me abordou:
- Audry, bom dia, podes reunir a turma do 1 ano para irem para a sala de refeicoes?
- Claro, irma Melissa.
Era nosso dever como internos mais velhos orientar os mais novos nas refeicoes e nos estudos. Este é o meu ultimo ano no Orfanato. Estou aqui desde pequena. Pelo que as irmãs me contaram, os meus pais sofreram um acidente e morreram quando eu era bebe. Não tenho mais família e as minhas tentativas de adopcao nunca passaram disso mesmo, tentativas.
Ainda me lembro da ultima familia que me tentou adoptar, estive 8 dias na casa deles e apos esse curto espaco de tempo trouxeram-me de volta. "Tens de sair do teu mundo de sonhos e viver no mundo real" foi o que me disse a directora do orfanato para me tentar reconfortar. Mundo de sonhos, pensei, eu nao sei o que e sonhar. Se ao menos as pessoas tentassem perceber como me sinto, nao diziam essas coisas.
Sempre fui uma rapariga de poucas falas e nunca gostei de confusões. Acho que tirando as irmãs do orfanato poucos são os internos que sabem o meu nome.