já gastamos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
gastamos tudo menos o silêncio.
gastamos os olhos com o sal das lágrimas,
gastamos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
era como se todas as coisas fossem minhas,
quanto mais te dava mais tinha para te dar.