A morte e o luto sempre vão ser temas que abrangem toda a vida e arrisco dizer que praticamente tudo dá um ganchinho pra algum desses.
Sempre vai ser algo inesgotável, abraçando todas as visões e interpretações e criações. Pode ser levado de algo bonito até devastador.
O fato é que ele não tem um modo de acontecer nem tem script, assim como ele não tem um único de ir embora, de se encerrar, isso se realmente existir um fim pro luto.
Ninguém (ou dificilmente ninguém) acorda num dia e descobre que ele passou, nenhuma lâmpada se acende encima da cabeça e nenhum gênio estala os dedos, não existe mágica. Arrisco dizer que nem percebemos com clareza quando a mudança acontece.
O luto mexe não só com os nossos afetos, com o apego e emoções mas também com o ego, porque de modo algum queremos aceitar que alguém saia da nossa vida e da própria, através da morte. É algo natural negarmos e lutar contra.
Me lembro que quando um familiar faleceu não chorei nem senti nada nas primeiras horas, só eco. Só chorei quando foi sepultado, e durante semanas os dias se passaram como uma espécie de neurose inconsciente, onde eu não assimilava aquilo. Depois disso, fui tendo esses choques de realidade, meu cérebro foi capaz de fazer isso.
É muito louco isso.