O nascer sob o conduite da agonia, aos gritos, em um domingo manhã, foi única recordação persistente na memória.
A cor cinza e o nascer.
Além do tom, escrever tornou-se perseguidor, persistiu como o cinza, traçou seu caminho interno na infância escondida. Anos vividos no interior, na cidade onde o sangue de Ya Hu fora derrubado. Marasmo do sossego, o calor moldou sua alma e as ruas daquele pequeno mundo deixaram marcas, refletidas na primeira experiência do escrever, uma resenha sobre Dois Mil e Um Uma Odisseia no Espaço para o jornal da escola estadual onde cursava a quarta série.
O texto marcou sua estreia e despedida do jornalismo acadêmico, pois fora considerado extremamente pesado para crianças da quarta série, afinal de contas usar imagens com mortes para ilustrar a evolução humana era algo levemente ofensivo na aristocracia interiorana pós ditadura. Seguiu em frente assim, escondendo-se entre livros na adolescência, escondendo-se pelas décadas, dias, passando mais do que dezenas cartesianas em deriva da alma. Transpassando lugares mais internos dentro do Estado de São Paulo, Marília onde estudou e Jaú onde nasceu, desembarcou na capital em 2002.
O gosto estranho por qualquer revolução estranha, e muitas das vezes visceral, invadiu cada vez mais sua escrita, até alumiar seu primeiro livro, Descarrilho Cotidiano, totalmente escrito dentro das estações de metrô na cidade de São Paulo. Uma viagem em lava, cinza e sangue dentro do coração da metrópole, não o vendido pela publicidade turística, aquele da cidade cosmopolita e fiel, mas sim o coração negro de um lugar onde a vida não vale muito e sempre que possível é deixada de lado por interesses que não os coletivos. O furor e a dúvida de estar vivo dentro desse turbihão da pós modernidade no concreto de São Paulo.
Do livro de poemas nasceram duas canções usadas no projeto Reversos - Instrumentalizando a Poesia, Baque, que conta as varíaveis de uma overdose e foi musicado por Pedro Pracchia & Renato Gi
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Story by Fabio Navarro
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O Coração Binário & A Navalha Em...
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segundo livro de poesias,
agora a trajetória do homem pós moderno no mundo