Me chame de Mercúrio; de mim nada se sabe, pouco me mostro, difícil de de ser compreendida.
Me chame de Vênus; preciso da alvorada para me lembrar que, mesmo perdida no espaço, ainda sou capaz de atingir meu brilho máximo.
Me chame de Terra; abrigo em mim tantas personalidades que conflitem e me destroem por dentro, me tornando incapaz de compreender a mim mesma.
Me chame de Marte; corajosos ainda tentam me compreender, e nunca obtiveram respostas suficientes. Ainda há esperança de vida em mim.
Me chame de Júpiter; minha frieza é capaz de surpreender, ao final.
Me chame de Saturno; exterior talvez enganoso. Vista de perto, tudo é tão confuso.
Me chame de Urano; é preciso coragem de se aproximar, para que possa me enxergar de verdade.
Me chame de Netuno; não se aproxime tanto, o caos aqui dentro pode te assustar e te cegar.
Me chame de Plutão; subestimada, esquecida, ignorada. Minha grandiosidade vai além de meu tamanho e não pode ser definida por pessoas tão limitadas, embora elas consigam fazer eu me sentir menor.
Me chame de Estrela Binária; orbitando em busca de uma estrela companheira para me complementar e me tornar algo ainda mais lindo.
Me chame de Lua. Minha verdadeira identidade. Minhas crateras são cicatrizes de todas as vezes que me deixei ferir para proteger, ainda que não saibam. Minhas fases são marcas de cada vez que mudo, me reinvento, me redescubro, me perdendo em meio a elas e nunca me entendendo de fato. Se tentar, poderá me enxergar por completo. Em absoluta maioria, parte de mim estará escondida, com medo de se deixar ver, se deixar descobrir e assustar.
Me chame de imensidão, nunca serei definida, resumida. Inalcançável como as galáxias, infinita como o espaço e ilimitada como tudo que há nele. Às vezes grande como um planeta, porém frágil e pequena como Plutão. Companheira como uma estrela, romanticamente sonhadora como uma estrela binária. Sempre complexa como a lua e, outras vezes, simplesmente poeira cósmica.

O universo que habita em mim.