Entre cristais incandescentes, o som era seco — o tilintar das pedras vivas no corpo de Ametista Vermelha, pulsando como um coração inquieto. A sala inteira parecia respirar junto com ele.
Do outro lado, uma névoa sombria se contorcia, viva, sussurrante, espalhando olhos que piscavam em meio ao breu.
A voz que saía dali era calma… demais.
— Um universo inteiro, Ametista. — sussurrou, como se o som viesse de dentro da cabeça dele. — Imagine… poder criar, moldar, destruir. Tudo.
Ametista cerrou os punhos, o brilho dos cristais aumentando. — Isso não é criação. É vaidade. Você não quer um mundo, quer um espelho para sua própria sombra.
Ele riu — um som que fez os cristais nas paredes tremerem. — Eu quero ver o limite. Até onde a alma suporta antes de quebrar.
— Já chega. — Ametista deu um passo à frente, e o chão sob ele rachou em linhas vermelhas. — Você está deixando a ambição te consumir.
Por um momento, o ar pareceu parar. Olhos e cristais se cruzaram — vermelhos, intensos, diferentes apenas na forma.
Então, a sombra falou com uma serenidade fria que fez o coração de Ametista parar por um segundo:
— Se ele morrer… eu morro junto.
O brilho rubro das pedras se apagou. Ametista deu um passo atrás, os lábios entreabertos, sem conseguir dizer o nome do que — ou de quem — ele finalmente percebia estar diante.
Luiz se contraiu num sorriso invisível.
E o mundo, ali, pareceu respirar pela última vez antes de mudar.