Tic-Tac
Tic-tac. O som do tempo se movendo, sempre adiante, sem hesitar. É curioso como tudo pode mudar em tão pouco tempo. Um olhar que antes transbordava afeto pode se tornar distante. Uma palavra que outrora aquecia pode agora soar fria. As atitudes, os pensamentos, as percepções — tudo flui como um rio que jamais volta ao mesmo ponto. Tic-tac.
A forma como enxergamos o mundo se molda àquilo que vivemos. O que ontem era certeza, hoje é dúvida; o que parecia inabalável, agora vacila diante de uma nova perspectiva. A linguagem do tempo não é feita de palavras, mas de silêncios e gestos. Porque, no fim, não são promessas que dizem quem somos, mas atitudes. E os olhos, esses pequenos espelhos da alma, revelam verdades que a boca teme pronunciar.
Tic-tac. A Sociologia nos ensina que somos o reflexo do meio em que vivemos, moldados por normas, influências e estruturas invisíveis que regem nosso comportamento. Crescemos absorvendo ideias, reproduzindo padrões, sendo condicionados a caber em moldes que nem sempre nos pertencem. O que é liberdade senão um conceito desenhado por mãos alheias? O que é identidade senão um mosaico de experiências e interações?
A Psicologia, por outro lado, sussurra que cada olhar, cada gesto, cada escolha carrega uma história que ninguém mais viveu. Somos feitos de traumas escondidos, de lembranças que nos moldam, de sentimentos que gritam dentro de nós, muitas vezes sem que saibamos nomeá-los. A alma humana é um labirinto de emoções contraditórias, desejos não ditos, cicatrizes que nos tornam quem somos. Tic-tac.
O tempo segue seu curso, indiferente às nossas angústias. O que hoje parece eterno, amanhã pode ser apenas uma lembrança vaga. As pessoas vêm e vão, os sentimentos mudam, as certezas desmoronam. Mas, se há algo que permanece, é a complexidade do ser humano. Cada olhar carrega um universo. Cada silêncio, um grito. Cada alma, uma história esperando para ser compreendida.
E assim, o relógio segue. Tic-tac.