Han Jisung, um híbrido de esquilo, sempre viveu à sombra das expectativas de sua rigorosa família. Sendo o filho mais novo, era constantemente comparado aos irmãos mais velhos e pressionado a atender padrões inalcançáveis. Sensível por natureza, ele segurava as lágrimas sempre que seu pai gritava, mas, no final do dia, escapava para a floresta ao lado da mansão. Ali, entre o sussurrar do vento e a presença silenciosa dos animais, ele encontrava um refúgio — um vasto campo aberto, coberto por grama alta e flores de aroma suave sob um céu escuro.
No entanto, em uma de suas fugas, o tempo refletia seu coração: pesado e sombrio. Após mais uma discussão cruel com seu pai, Jisung esperou o sol se pôr e correu para seu esconderijo secreto. Mas, desta vez, ao se agachar e enterrar o rosto entre os joelhos, não chorou sozinho. A chuva, antes apenas uma ameaça, desabou sobre ele, como se o céu compartilhasse sua dor.
De repente, as gotas pararam de cair sobre sua cabeça. Confuso, Jisung ergueu o olhar e encontrou um par de olhos profundos o observando. À sua frente, um garoto desconhecido, de expressão fria e vestes surradas, segurava uma enorme folha como se fosse um guarda-chuva, protegendo-os da tempestade. O detalhe que mais chamou sua atenção, porém, foram as orelhas pontudas que se destacavam entre os cabelos do estranho — um híbrido de coelho.
Naquela noite chuvosa, Jisung descobriu algo inesperado: naquele menino misterioso, de olhar distante, ele encontrou um refúgio. Seu próprio lugar secreto.