"Como descrever a delícia e a alegria de uma alma chorosa e tristonha ao acabar-se, voluptuosamente, na luxúria dos prazeres carnais? Só mesmo através da própria indagação: como? É feito o intenso ápice do Allegro non tropo de Tchaikovsky. Palavras não são o suficiente para que se explique aquilo que não pode ser nelas medido. É que não se mete às letras, um vívido orgasmo desvairado. É como no clímax da Pas de Deux. É feito o estrondo de flautins, trompas e cordas, em vivo esplendor, numa íntegra harmonia retumbante. Poderoso entorpecente! As mãos pesadas passeavam-lhe pela extensão passiva corporal. Dançavam, impetuosas, ao longo das costas recurvadas. Os lábios molhados a provocar a poça de fluidos, abaixo. Era o efeito devastador causado pela virilidade alheia. Oh, delícia! Mas isso tudo vem depois. Antes, divertiria-se a lançar olhares para cá e para lá. Para uns e para outros. Não era mera cortesã. Caterine sempre podia escolher o parceiro. Mas essa não era a questão. Bastava-lhe somente uma rígida ponta fálica para a satisfação dos anseios pulsantes. Nada além. Bastavam-lhe as palavras jorradas durante o selvagem coito. Doces mentiras. Os falsos elogios. E não importava-lhe a veracidade dos enunciados e o quanto eram sinceros. Bastava-lhe apenas ouvir o quanto sabia ser-se bem".
Cap. 6 - "Luz, Vigor, Gozo e Vida". IN:
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